
Por muito tempo chamada de “Serra do Espinhaço”, a Cordilheira do Espinhaço vem ganhando um novo significado como um destino turístico integrado, sustentável e repleto de experiências conectadas à história, natureza e cultura de Minas Gerais. Essa cadeia de montanhas, que se estende desde Ouro Branco, no centro-sul mineiro, até a Chapada Diamantina, na Bahia, foi o tema principal de uma conversa com Ítalo Mendes no podcast Uai Turismo.
Ítalo, que possui vasta experiência no setor turístico — com mais de 20 anos de atuação em órgãos públicos e formações em universidades renomadas — é atualmente secretário de Turismo de Grão-Mogol e uma das figuras centrais no desenvolvimento e na promoção da Cordilheira do Espinhaço como um destino de turismo sustentável. Ele compartilhou detalhes sobre essa fascinante região e a estratégia por trás do reposicionamento do Espinhaço no imaginário turístico.
A riqueza da Cordilheira do Espinhaço
Com mais de 1 bilhão e 500 milhões de anos, a Cordilheira do Espinhaço se sobressai tanto pela sua paisagem única quanto pela importância histórica e cultural. É o local de nascimento de cidades históricas, como Ouro Preto e Diamantina, e epicentro da exploração de diamantes que marcou a história brasileira durante o período colonial. Segundo Ítalo, o Brasil vem, aos poucos, reconhecendo suas montanhas — conceito antes pouco explorado em cenários institucionais e acadêmicos — como um patrimônio geológico e turístico.
“Hoje sabemos que o Brasil tem, sim, montanhas, e a Cordilheira do Espinhaço é tão única quanto a Cordilheira dos Andes. Ainda que mais antiga e menos imponente em altura, é igualmente rica em biodiversidade, espécies endêmicas e relevância histórica”, destaca Ítalo.
Além de sua exuberância geológica, a Cordilheira se destaca como uma Reserva da Biosfera reconhecida pela UNESCO, cobrindo 172 municípios e abrigando 15% da biodiversidade de todo o país, mesmo ocupando apenas 1% do território nacional.
Nova identidade e as oportunidades turísticas para a Cordilheira do Espinhaço
A transformação do Espinhaço em uma cordilheira reconhecida foi parte de uma iniciativa estratégica para reposicionar a região como um destino turístico de destaque. Com uma forte vocação para o turismo de natureza, o território já começa a atrair visitantes de diversas partes do Brasil e até mesmo de outros países para atividades como cicloturismo, astroturismo, trekking e observação de aves.
Ítalo explica que boa parte do projeto baseou-se em mapear os atrativos e definir produtos turísticos capazes de destacar a Cordilheira como um destino especial e integrado. “Queremos que a Cordilheira do Espinhaço seja para Minas Gerais o que a Amazônia é para o Brasil ou o Pantanal é para o turismo de natureza. Esse território é rico, porém subexplorado. Nossa missão é conectar suas potencialidades ao mercado turístico, sempre com foco na sustentabilidade”, afirma.
Grão Mogol: a joia da Cordilheira
Localizada no alto da Cordilheira do Espinhaço, Grão Mogol desponta como uma das principais referências no projeto de desenvolvimento turístico da região. Ítalo descreve a cidade como um “caso sui generis do turismo brasileiro”. Rica em belezas naturais, como cachoeiras e trilhas históricas, e com um centro histórico tombado, Grão Mogol também é marcada por experiências únicas como o maior presépio a céu aberto do mundo, vinícolas boutique, astroturismo e atrações ligadas ao cicloturismo.
A cidade, que já foi um importante polo de diamante no país, hoje se reinventa para atrair turistas em busca de experiências autênticas e exclusivas. Ítalo destaca o papel crucial das iniciativas de planejamento estratégico para conectar os atrativos locais com um público interessado em história, cultura e natureza.
“O perfil do turista que visita Grão Mogol busca um charme particular: experiências intimistas, uma boa taça de vinho em um cenário serrano, visitas a patrimônios históricos e vivências ligadas à atmosfera única da Cordilheira do Espinhaço. É um destino em ascensão que se destaca pela autenticidade e pela hospitalidade mineira”, completa.
Gastronomia regional: um sabor único do Cerrado
Outro ponto de destaque para a região da Cordilheira do Espinhaço é a gastronomia, que combina pratos típicos de Minas Gerais aos ingredientes únicos do Cerrado. De delícias como o tradicional arroz com carne de sol e pequi a versões mais sofisticadas como risotos com frutos do Cerrado e harmonizações com os vinhos produzidos localmente, a culinária da região oferece um sabor inconfundível.
Além disso, os Licores de frutos típicos, sucos e doces completam o cardápio local, tornando a experiência gastronômica ainda mais marcante para os visitantes.
Sustentabilidade e planejamento no turismo
Apesar do crescimento evidente, Ítalo reforça que o desenvolvimento turístico da Cordilheira do Espinhaço é guiado pela sustentabilidade ambiental e social. Além de planos de manejo para as áreas naturais, o projeto também pensa no impacto do turismo sobre as comunidades locais, sendo estruturado para priorizar a qualidade da experiência turística e a preservação do território.
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“Não buscamos quantidade de turistas, mas sim o perfil certo de turista, que possa agregar valor à região sem comprometer sua sustentabilidade. O objetivo é que o turismo melhore a vida das comunidades locais e também preserve a riqueza natural e cultural da Cordilheira”, pontua.
Ainda em processo de consolidação como destino turístico, a Cordilheira do Espinhaço tem se beneficiado de parcerias com operadoras nacionais e da crescente presença digital. Plataformas interativas e experiências imersivas estão sendo desenvolvidas para facilitar o planejamento dos visitantes e promover o encantamento pelo destino.
Confira a entrevista completa no link acima.
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