
Vídeos ensinando a fazer drenagem linfática em casa têm viralizado nas redes sociais. Influenciadoras e fisioterapeutas demonstram manobras de massagem facial e corporal que prometem reduzir inchaços, definir o rosto e até auxiliar na eliminação de toxinas. Mas, diante de tanta popularidade, surge uma dúvida: será que todo mundo pode fazer a drenagem sozinha?
A drenagem linfática manual é uma técnica de pressão leve e ritmo lento, cujo objetivo é estimular o sistema linfático e auxiliar o retorno do fluido intersticial, o líquido que circula entre as células aos vasos linfáticos e, posteriormente, ao sistema venoso. “O sistema linfático reabsorve o líquido intersticial que saiu dos capilares sanguíneos e devolve ao sistema venoso. Esse líquido é dependente de movimentos de várias ‘bombas’: contração dos vasos linfáticos, válvulas internas e pressão gerada pelos movimentos musculares, respiração e mobilização da pele”, explica a fisioterapeuta Magda Souza de Santana.
Segundo ela, os benefícios mais notáveis são a redução da sensação de inchaço e a melhora na circulação, o que causa bem-estar e relaxamento. Além disso, há melhora ou redução dos contornos faciais e corporais, mas é um benefício instável, que não substitui técnicas de tratamento avançadas.
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Já a massoterapeuta Dayane Alcântara reforça que a drenagem linfática é segura quando aplicada corretamente. “A drenagem só é um malefício se aplicada de maneira errada, caso contrário não tem mal algum. Os benefícios são a redução de inchaço, de acúmulo de líquidos e a eliminação de toxinas do corpo”, afirma.
Com o aumento da popularidade dos tutoriais, muitas pessoas têm tentado reproduzir as manobras em casa, usando as mãos, óleos vegetais e acessórios como rolinhos de jade e gua sha. No entanto, Magda alerta que a execução incorreta pode anular os efeitos esperados. “Sem supervisão, uso da técnica errada, sem saber direção, pressão ou sequência, a drenagem pode não ter efeito, causando apenas o chamado efeito placebo. E o pior: achar que a drenagem linfática serve para perda de gordura é um erro comum”, afirma.
Na prática
Ainda assim, a autoaplicação é possível, desde que feita com cuidado. O uso de algum creme ou óleo ajuda nos movimentos. Antes de começar, é importante preparar o corpo com respirações profundas e movimentos leves nas regiões de linfonodos, como pescoço, axilas e virilha, para “acordar” o sistema.
Para o corpo, a sequência recomendada segue uma ordem: dos tornozelos para os joelhos, das coxas para a virilha, sempre conduzindo o líquido em direção aos gânglios linfáticos. No abdômen, os movimentos devem ser leves, em formato de semicírculos, conduzindo dos flancos e umbigo para as axilas ou virilha. Nos braços, o caminho vai do punho para o cotovelo, e do cotovelo para a axila.
A versão facial, por sua vez, ganhou grande popularidade entre influenciadoras de beleza. Magda Santana explica o passo a passo: “Comece desobstruindo os linfonodos cervicais, na base do pescoço. Depois, siga da mandíbula para a frente da orelha, e do nariz para a lateral do rosto, terminando no pescoço. Finalize com movimentos suaves na região da clavícula, para drenar o que foi estimulado”. A prática pode durar entre cinco e 10 minutos e ser feita diariamente ou em dias alternados.
Hábitos saudáveis
Dayane conta que prefere usar apenas as mãos e um óleo leve, como o de coco. “Não faço uso de materiais para aplicar a massagem, só as mãos e um óleo vegetal, o que for mais confortável na hora da aplicação. É importante beber bastante água e fazer pelo menos caminhadas”, recomenda. Ela também comenta que a frequência ideal depende do condicionamento da pessoa. “Pode ser feita até três vezes por semana. A drenagem realizada de forma correta sempre traz benefícios.”
Apesar de muitos procurarem a técnica por motivos estéticos, seus efeitos vão além da aparência. “Muita gente busca a drenagem por estética, então normalmente já são pessoas que praticam atividade física”, observa Dayane Alcântara. De fato, associar a massagem a hábitos saudáveis potencializa seus resultados.
Por outro lado, há contraindicações importantes. “A drenagem não é indicada em casos de trombose venosa profunda, risco de êmbolo, infecções ativas ou edemas com origem infecciosa”, adverte Magda Santana. Nessas situações, o estímulo do fluxo linfático pode causar complicações.
Na prática, pessoas saudáveis podem realizar a drenagem em dias alternados, enquanto quem apresenta retenção leve pode optar por uma ou duas sessões semanais para manutenção. Em clínicas, o tempo e a intensidade variam conforme o quadro clínico e a avaliação profissional.
A popularização da drenagem linfática caseira reflete uma busca por bem-estar acessível e autonomia sobre o próprio corpo. Porém, como alertam as especialistas, o segredo está em respeitar os limites e compreender que, mesmo parecendo simples, a técnica exige conhecimento anatômico e delicadeza.
Como fazer a drenagem do jeito certo
Passo a passo básico
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Comece “acordando” o sistema linfático: pescoço, axilas e virilha.
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Use movimentos leves e lentos, sempre na direção dos gânglios.
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Nas pernas, vá do tornozelo para o joelho e da coxa para a virilha.
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No abdome, siga dos flancos (lateral do corpo) e umbigo para cima, em direção às axilas.
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Finalize com respiração profunda e toques suaves nos linfonodos centrais.
Fonte: fisioterapeuta Magda Souza de Santana

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