
Uma dúvida frequente entre os tutores é sobre a alimentação do pet: a melhor ração ou o melhor tipo para ele. A verdade é que a escolha certa pode não ser fácil. A raça, o porte, a idade, o nível de atividade, o fato de ser castrado ou não, entre outros fatores, influenciam diretamente na escolha. Por conta do avanço na área e do mercado nutricional veterinário, as rações não são apenas uma fonte de alimento. Além de fornecer energia, elas oferecem nutrientes que previnem doenças e melhoram a saúde intestinal e a pelagem do animal.
As maneiras mais tradicionais de nutrir o animal são: a ração seca, mais prática para o dia a dia; a úmida, que pode ser uma aliada para a hidratação; e a alimentação natural. "A ração seca pode ser armazenada por um período maior e ajuda na formação de fezes mais firmes e na limpeza dos dentes. A ração úmida contribui para o consumo de água, principalmente nos animais com dificuldade de ingestão hídrica, como os felinos, e também é mais palatável. Já a alimentação natural consiste na dieta caseira, que deve ser elaborada por um veterinário nutricionista, para que seja balanceada e atenda a todas as exigências do animal", explica Gustavo Herrera, professor de medicina veterinária do Ceub.
Uma ração de qualidade influencia diretamente na absorção de nutrientes, na digestibilidade e na saúde gastrointestinal. As rações comuns, premium e super premium são as mais encontradas, e o que as diferencia, segundo o professor, é a qualidade dos ingredientes utilizados, a palatabilidade e a biodisponibilidade desses ingredientes. Sendo assim, a ração superpremium tem um diferencial na dieta, geralmente por não conter aromatizantes e corantes, e por contar com mais fibras.
A rotina alimentar do Manuel, um cachorro vira-lata, é à base de ração, também associada a outros alimentos, como algumas frutas e verduras cozidas. Sua tutora, a orientadora educacional Renata Cardoso, conta que sempre que ela ou a filha, Maria Eduarda, vão fazer alguma refeição, o pet fica sentado esperando ou algo cair ou que ofereçam alguma coisa para ele. Quando isso não acontece, Manuel procura sua própria ração.
Após várias trocas, nenhuma por conta de algo mais sério, como alergia, Renata encontrou a ração favorita para seu pet. "Manuel costumava comer a ração, depois enjoava, e eu tinha que ficar trocando. Dessa última, ele tem gostado, e faz um tempinho que não enjoa. Também tem ajudado na questão do pelo, que não tem caído tanto", compartilha.
Ideal para cada um
As rações são encontradas em diferentes tamanhos, formas, sabores, cores, marcas e, principalmente, com diferentes custos-benefícios. Por se tratarem de animais de espécies diferentes, suas necessidades nutricionais variam, e por isso cada tipo de ração se adequa a cada pet.
De acordo com Kássia Vieira, médica veterinária e professora de comportamento e bem-estar animal de medicina veterinária da Universidade Católica de Brasília, existem raças que estão predispostas a doenças ou problemas específicos. Com isso, a escolha deve ser personalizada. "Os cães braquicefálicos, como os shih-tzus e os pugs, costumam ter uma maior tendência a apresentar problemas de pele. Então, as rações com proteína hidrolisada são as que têm menor chance de causar alergias nesses animais, sendo, por isso, as mais indicadas."
A idade do animal também deve ser considerada. Filhotes têm necessidades energéticas e vitamínicas diferentes de animais adultos e idosos, por exemplo. "As rações voltadas para filhotes são mais ricas em cálcio e ajudam no crescimento dos ossos, já que esses animais estão na fase de desenvolvimento. Para os adultos, trata-se, em geral, de uma manutenção do peso e da saúde. Já as rações para idosos, geralmente, têm menor quantidade calórica, para evitar o ganho de peso, e são suplementadas com alguns aminoácidos e proteínas necessários à saúde das articulações, pois muitos pacientes geriátricos apresentam problemas de locomoção", detalha.
Quando o animal não tem uma alimentação adequada e equilibrada, pode acabar desenvolvendo diversos problemas de saúde. Controlar a quantidade oferecida é essencial para manter o pet saudável, longe do sobrepeso e da obesidade. Assim como os humanos, os bichinhos não devem ingerir mais calorias do que gastam, para não engordarem, e muitos rótulos apresentam os valores energéticos por porção.
É necessário ter atenção especial aos petiscos: eles contêm calorias, assim como a ração, e ultrapassar a quantidade ideal, muitas vezes, passa despercebido. "O petisco faz parte da quantidade diária que o animal deve consumir. Não se pode oferecer muitos petiscos e manter a mesma quantidade de ração. O tutor precisa controlar essa proporção, pois caso contrário, o animal acabará engordando", finaliza.
Por meio de uma avaliação com um médico-veterinário, é possível escolher a melhor alternativa e a quantidade certa para a alimentação do pet. Em caso de troca de ração, é provável que o animal desconfie e a recuse no primeiro contato. Recomenda-se a substituição gradual e com paciência, para evitar desconfortos gastrointestinais e reações adversas.
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte
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