
Praticar atividade física é fundamental em qualquer fase da vida, e durante a gravidez não seria diferente. Gerar uma vida é um lindo processo, acompanhado de mudanças físicas e emocionais, e a gestação é o início da construção de conexões maternas. Estar ativa, disposta e bem consigo mesma é essencial para a saúde tanto da mãe quanto do bebê.
A recomendação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é que todas as mulheres grávidas e no pós-parto, sem contraindicações, devem fazer pelo menos 150 minutos de atividade física com intensidade moderada durante a semana, cerca de 20 minutos diários.
Segundo Caio Couto, coordenador médico da obstetrícia e ginecologia do Hospital Anchieta, não existe gestação saudável com sedentarismo, ou seja, todas as pacientes gestantes precisam ser orientadas a praticarem atividade física, de acordo com suas limitações. Ao contrário do que se pensava antigamente, não é necessário fazer repouso se a gestante é saudável.
"Não existe orientação de repouso, nem no primeiro trimestre, porque a literatura não evidencia nenhum benefício disso. Deve-se interromper a atividade física em caso de sangramento, perda de líquido, contrações regulares, tontura, dor no peito, redução dos movimentos fetais. Mas, a grosso modo, a grande maioria das gestantes pode e deve fazer atividade física", reforça o médico.
E são inúmeros benefícios: diminuição do risco de parto prematuro, de pré-eclâmpsia, hipertensão e diabetes gestacional, ganho excessivo de peso, complicações durante o parto e depressão pós-parto. Para os bebês, são menores as complicações de saúde no recém-nascido, como alguma malformação, problemas relacionados ao peso, patologias e risco de natimortalidade.
Para Luciano Frazão, educador físico especialista em treinos para mulheres gestantes e pós-parto, a modalidade mais indicada é a musculação, desde que ela seja orientada. "A gestante tem algumas mudanças significativas no corpo. Precisamos fortalecer essas musculaturas que ficarão mais fracas e mais utilizadas na gestação, como a região lombar, na qual se sente muita dor ao amamentar, fortalecer as costas, porque daqui a pouco ela vai estar com o bebê no colo e precisa estar com os braços fortes, e região do quadril."
Condicionamento físico
Para as mamães que não praticavam atividades físicas antes, é possível ter uma rotina tranquila de treinamento, mas é preciso ter um cuidado maior. Normalmente, é recomendado evitar atividades de alto impacto, com risco de queda e trauma abdominal. "É preciso entender que a mãe veio de um sedentarismo. Se ela foi sedentária e está querendo começar agora, nesse momento, menos é mais. Então, eu aconselharia a começar com uma musculação orientada e com caminhadas, e ir progredindo, seguindo o passo a passo a cada trimestre", finaliza.
Se ela é uma mulher treinada, a adaptação é pontual, e os exercícios são voltados para a saúde de ambos, sem pensar em performance. "O que a gente faz no primeiro trimestre é seguir a vida normalmente, não tem nenhum problema continuar fazendo os exercícios que ela vinha fazendo. No segundo trimestre, a barriga começa a crescer mais, então é preciso uma adaptação maior para que alguns exercícios não sejam executados, para que não causem desconforto. E, no terceiro e último trimestre, continua com os exercícios e diminui a intensidade, porque qualquer exercício vai aumentar a frequência cardíaca facilmente."
Para além da saúde física, manter-se ativa durante a gestação é fundamental também para a autoestima e o bem-estar mental da gestante. A prática regular de atividades físicas ajuda a liberar endorfina — hormônio ligado à sensação de prazer e bem-estar — que contribui para sentir-se mais disposta, com a redução do estresse, da ansiedade e dos sintomas de depressão, comuns nesse período de intensas mudanças hormonais e emocionais.
Para todos os gostos
Uma ótima opção é a fisioterapia pélvica, que contribui com inúmeros benefícios, principalmente para as mães que optaram por um parto vaginal. Com o fortalecimento dos músculos pélvicos, melhora a postura e a circulação sanguínea, coordenação da respiração e relaxamento muscular, prevenindo dores e facilitando o processo de parto.
"Ocorrem alterações anatômicas e funcionais na gestação e no parto. A força do assoalho pélvico pode ficar mais fraca, principalmente após o parto vaginal. O fortalecimento faz com que haja prevenção de incontinência urinária e prolapso de órgãos pélvicos", afirma Laura Barrios, fisioterapeuta pélvica da Clínica Ginelife.
A prática de atividades físicas durante a gestação deve ser acompanhada por profissionais. Para exercícios feitos em casa, é necessário ter um cuidado redobrado com a segurança, para evitar possíveis tipos de queda, praticar sempre em cômodos mais arejados e dar a devida atenção à hidratação. Antes de qualquer coisa, é necessário consultar um médico ginecologista e obstetra, para serem avaliadas as questões de saúde da mãe e do bebê para a aptidão física, além de um profissional de educação física para prescrição e execução dos exercícios, da intensidade e da frequência.
Modalidades mais indicadas
De acordo com a fisioterapeuta pélvica Laura Barrios, os exercícios mais recomendados para gestantes são:
- Musculação
- Pilates
- Caminhada
- Ioga
- Natação
- Hidroginástica
O mais importante é não ficar parada. Seja qual for a atividade física, se manter ativa colabora para gestação saudável, um bom parto e pós-parto, além de ter uma vida mais saudável!
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte