
A decisão do governo Donald Trump de revogar os vistos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e de seus familiares, bem como de outros integrantes da Corte é aprovada por 47% dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (1º/8). Outros 42% desaprovam a medida.
O levantamento ainda revela que a maioria da população também demonstra apoio simultâneo às medidas cautelares impostas por Moraes ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que incluem o uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar à noite e nos fins de semana. 55% apoiam a punição a Bolsonaro, enquanto 41% desaprovam. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O dado curioso é que o maior contingente de entrevistados endossa, ao mesmo tempo, as punições impostas a Bolsonaro e a retaliação sofrida por Moraes, evidenciando contradições no sentimento popular.
Tarifaço
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a revogação dos vistos no dia 18 de julho, um dia após a operação da Polícia Federal que obrigou Bolsonaro a usar tornozeleira eletrônica e apreendeu dólares em espécie em sua residência.
O republicano vinha utilizando o argumento de uma suposta “caça às bruxas” promovida pelo Judiciário brasileiro contra Bolsonaro como justificativa para adotar medidas retaliatórias, como o aumento das tarifas de importação de produtos brasileiros em até 50%.
Com o filho do ex-presidente, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), nos Estados Unidos em campanha aberta pela reabilitação política do pai, o ministro Alexandre de Moraes avaliou haver risco concreto de fuga e determinou as medidas cautelares.
Lei Magnitsky
O Datafolha entrevistou 2.004 pessoas em 130 cidades brasileiras nos dias 29 e 30 de julho. Quando o questionário da pesquisa foi elaborado, ainda não havia sido definida a nova investida de Trump contra Moraes, a inclusão do ministro nas sanções previstas pela chamada Lei Magnitsky.
A decisão foi anunciada apenas no dia 30. A legislação americana prevê o congelamento de bens nos Estados Unidos de estrangeiros acusados de violações de direitos humanos, terrorismo ou corrupção. A aplicação da norma a Moraes deve gerar questionamentos jurídicos sobre a legitimidade do uso da lei no caso do ministro do Supremo.
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