
Jogos interrompidos e estádios esvaziados na Copa do Mundo de Clubes da Fifa devido a tempestades severas. Uso de neve artificial nas Olimpíadas de Inverno em Pequim-2022. Maratona transferida para Sapporo nos Jogos de Verão em Tóquio-2020 em busca de temperaturas amenas. Chuva e calor extremos no Australian e no US Open, dois dos principais eventos do calendário do tênis. Grêmio e Internacional ilhados no Brasileirão por causa das enchentes em Porto Alegre.
O esporte deveria ser um dos mais engajados nos debates da COP30 da Organização das Nações Unidas (COP30) sobre mudanças climáticas, mas a agenda está esvaziada em Belém. O presidente da Fifa, Gianni Infanino, não foi ao Pará. A dirigente máxima do COI, Kirsty Coventry, também não. Há pouca mobilização dos clubes de ponta da Europa, das Américas e do Brasil, anfitrião das discussões. Erro grave. As competições não são em bolhas.
Em tempos de Greewashing, lavagem verde, em português, uma estratégia de marketing na qual empresas promovem marcas, produtos ou serviços como ambientalmente responsáveis sem cumprir as regras, há algumas agulhas no palheiro.
Em parceira com a ONU, a CBF terá um painel na COP30 na próxima quinta-feira. O presidente Samir Xaud, nascido em Roraima, na Amazônia, anunciará os compromissos da entidade com o meio ambiente. Entre eles, a compensação das emissões de carbono nos jogos das seleções masculina e feminina. A entidade gere a Copa Verde, mas uma matéria recente do Correio mostrou que as iniciativas ambientais dos times participantes são irrisórias. Surfistas se mobilizarão em parceria com o Instituto Ecosurf pelos Oceanos.
O tema está na agenda da ONU. Nascida no Kosovo, Lindita Xhaferi-Salihu é oficial do Quadro de Esporte pela ação climática. Ela tabela com clubes, federações nacionais e internacionais e ligas para mobilizar compromissos climáticos, medição de impacto e comunicação pública. No mês passado, esteve em Londres no Sport Positive Summit, evento apoiado pelo COI e pela ONU para a conscientização das questões climáticas. “Precisamos ter essa voz presente. O aspecto de aproximação que o esporte proporciona é algo de que o mundo precisa”, disse ao GE.
Insaciáveis nas disputas por cotas de tevê e incapazes criar uma liga — existem duas —, os times perderam a chance de ir em bloco a Belém. Isso pode custar caro. Estudos divulgados em maio pela consultoria Environmental Resources Management (ERM) e pelo Terra FC advertem: 80% dos times da Série A, B e C do Brasileirão estão sob forte ameaça das mudanças climáticas e podem perder valor de mercado na ordem de R$ 69 milhões em 25 anos.
Todos estão em municípios com alto risco de eventos climáticos extremos. Vulneráveis a enchentes, inundações, ondas de calor, queimadas e secas. O relatório alerta que 40 dos 60 times das séries A, B e C estão sob alto risco de enchentes. Ignorar a COP30 é um gol contra! Que aprendam com a Premier League, a Bundesliga e o Forest Green Rovers, o time mais sustentável do mundo. #eficaadica
