Visão do Correio

Adolescentes são alvo da violência de gênero

O feminicídio de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos aumentou 30,7% em um ano, de 2023 até 2024, "sugerindo um deslocamento preocupante para vítimas ainda mais jovens".

Denunciar a violência é fundamental para dar fim a agressões -  (crédito: Caio Gomez)
Denunciar a violência é fundamental para dar fim a agressões - (crédito: Caio Gomez)

Os feminicídios ganham escala no Distrito Federal. Mulheres jovens e cada vez mais adolescentes tornam-se vítimas da violência de homens que se sentem proprietários das namoradas ou companheiras. Nos últimos 10 meses deste ano, ocorreram 25 casos no DF. No início da madrugada desta terça-feira, no Sol Nascente, Allany Fernanda, 13 anos, não resistiu a um tiro na cabeça, provavelmente disparado pelo namorado, 20 anos, como indicam as investigações. O suspeito está sob prisão preventiva, decretada após audiência de custódia. 

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

Allany foi a segunda adolescente assassinada neste ano no DF pelo fato de ser mulher. Em 23 de fevereiro, Géssica Moreira de Sousa, 17 anos, foi vítima de crime cometido pelo companheiro, sete anos mais velho, dentro de uma igreja evangélica no Núcleo Rural da Rajadinha, em Planaltina. O crime foi testemunhado pela filha do casal de dois anos. Ela estava grávida e deixou duas filhas órfãs. Histórias como as de Allany e Géssica são cada vez mais corriqueiras no Brasil. 

O mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela que o feminicídio de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos aumentou 30,7% em um ano, de 2023 até 2024, "sugerindo um deslocamento preocupante para vítimas ainda mais jovens". Considerando todas as faixas etárias, o número de feminicídios atingiu um recorde histórico no Brasil em 2024, com um aumento de 0,7% em relação ao ano anterior, com uma média de quatro assassinatos por dia. 

As agressões às mulheres e às meninas ocorrem também por meio virtual, como tem sido evidenciado em operações policiais recorrentes. Na tentativa de detalhar esse crimes no ambiente digital, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, em parceria com Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento  (Pnud), desenvolveu o projeto Diagnóstico da Violência Sexual On-line — Crianças e Adolescentes. Entre 2022 e 2023, 23% das crianças e adolescentes entrevistados relataram ter sido vítimas de algum tipo de violência sexual on-line. 

As meninas são a maioria das vítimas: 76% Os homens agressores chegam a 87%. A base dos dados do estudo foi o relatório do Disque 100, coordenado pelo MDHC, que registrou 6.364 denúncias de violência sexual contra os menores por meio on-line no período analisado. Os dados colhidos pelo estudo reforçam a necessidade de regulamentação das plataformas digitais — um tema ainda polêmico no país.

Também evidenciam que o poder público precisa rever suas políticas para conter as atrocidades praticadas contra as mulheres  e meninas. Embora sejam maioria na população, elas são depreciadas pelo gênero masculino. Essa falsa superioridade é reforçada a cada obstáculo que tanto o poder público quanto o privado impõe à ascensão social e econômica das mulheres. 

Exige reforço na educação de igualdade de gênero na família, nas escolas, nas universidades, no ambiente de trabalho e em quaisquer outros, a fim de promover e fortalecer as relações respeitosas. Além disso, ninguém deveria se omitir de denunciar um ato de violência e, assim, colaborar com combate às agressões contra as mulheres de todas as idades.

 


  • Google Discover Icon
Por Opinião
postado em 06/11/2025 06:00
x