
Comentários publicados a respeito da estreia do show, no Rio de Janeiro, com o qual Maria Bethânia celebra seis décadas de trajetória artística dão conta de o quanto a cantora santamarense mantém-se em plena forma ao interpretar clássicos do seu repertório e novas canções.
Entre essas, chama a atenção a inédita Vera Cruz, parceria de Xande de Pilares e Paulo César Feital, feita especialmente para ela, cuja letra traz clara referência à tentativa de Donald Trump de se intrometer na política e na economia do Brasil, em defesa de um certo discípulo que acabou de ser condenado por tentativa de golpe.
Num dos versos, a maior intérprete da MPB em atividade, com sua voz potente e inconfundível, manda ver: "Batizou-me Terra Vera Cruz/ Águas de Iemanjá/ Irmã sou de Tupã/ Filha de Oxalá/ O meu próprio povo me conduz/ Tem que respeitar/ Chefe de outra pátria não vai me guiar/ Guarde seu preconceito/ Sou livre para sambar".
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Outro grande momento do show que ocupa o palco do Viva Rio, espaço artístico na área do Museu de Arte Moderna, no centro da cidade maravilhosa, é a interpretação de Palavras, feita pela eterna rainha do rock brasileiro, Rita Lee, para a Abelha Rainha.
Sem pejo, Bethânia canta: "Eu hermafrodita/ Da água respirei a vida/ No sangue que bebi, a fome/ Da fêmea que nasci, homem/ Eu me transformo em mim/ Deus que duvidei, o sim/ Das mortes que vivi, o além/ Dos vícios que virei, refém/ Do bicho que sou, felina / Da velha que estou, menina". Durante a apresentação, houve manifestação contra a anistia de um ex-presidente.
Bethânia também trouxe de volta sucessos marcantes de sua carreira, da importância de Rosa dos Ventos (Chico Buarque); Gota de sangue, em homenagem a Ângela Ro Ro; e Sussuarana, com a qual reverenciou a amiga Nana Caymmi, que, em maio, partiu para outra dimensão.
O repertório traz também canções consagradas compostas por nomes icônicos da MPB e que sempre fizeram parte do acervo musical da artista. Entre elas, Diz que fui por aí (Zé Kéti), Fé cega, Faca amolada (Milton Nascimento), O lado quente do ser (Marina Lima e Antônio Cícero), Encouraçado (Sueli Costa e Tite Lemos) e Olha (Roberto e Erasmo Carlos), que faz parte da trilha sonora da novela Vale Tudo.
Após a temporada carioca, Bethânia parte para Salvador, onde, certamente, cantará para uma multidão na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, no largo do Campo Grande, icônica área aberta ocupada com frequência por manifestações artísticas. De lá, iniciará a turnê que a levará a várias capitais. Brasília, por enquanto, não está no roteiro. Com a palavra, os produtores locais.
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