ELEIÇÕES

Tarifaço e Lei Magnitsky: o bem-estar econômico é o que pesa mais

A situação econômica terá grande peso eleitoral no ano que vem. Mesmo com o país crescendo pelo quinto ano consecutivo e com o desemprego atingindo a mínima histórica, a aprovação do terceiro mandato de Lula segue baixa

Na sociologia política, é praxe afirmar que a economia conta, mas não os dados especificamente. O sentimento de bem-estar, chamado pelos norte-americanos de
Na sociologia política, é praxe afirmar que a economia conta, mas não os dados especificamente. O sentimento de bem-estar, chamado pelos norte-americanos de "feel good factor", é fundamental - (crédito: Pixabay)

A mais recente pesquisa Genial/Quaest sobre o cenário político e econômico nacional traz um dado que merece uma atenção especial. Ao contrário do que prega uma das bases da ciência política, de que interferências externas em assuntos domésticos costumam fortalecer sentimentos nacionalistas, um a cada cinco entrevistados se mostra favorável ao tarifaço de Donald Trump aos produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. A medida entrará em vigor na próxima quarta-feira.

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Segundo a pesquisa de opinião, realizada duas semanas atrás, há um padrão médio entre os que apoiam a taxação extra de Trump: são homens, eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro e que se identificam com o espectro político mais à direita. O suporte também é maior entre aqueles que ganham mais de R$ 7,5 mil mensais (cinco salários mínimos): 25% concordam com a ação do presidente norte-americano.

Mesmo com a maioria (80%) dos entrevistados contra o tarifaço de Trump, o contraste impressiona e mostra que qualquer análise de ganhos eleitorais em 2026 é prematura. São longos 15 meses até os brasileiros irem às urnas, e existem muitos fatos de forte impacto eleitoral em andamento, como o julgamento de Bolsonaro e de todos os integrantes da trama golpista.

Nuvem das palavras mais citadas nas redes sociais em referência à aplicação da Lei Magnistky no ministro Alexandre de Moraes
Nuvem das palavras mais citadas nas redes sociais em referência à aplicação da Lei Magnistky no ministro Alexandre de Moraes (foto: Reprodução)

Ao mesmo tempo, também é preciso ver com cautela os efeitos eleitorais da aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Um outro levantamento da Quaest, realizado entre terça e ontem, a partir de 1,6 milhão de menções de 391 mil pessoas diferentes sobre o assunto nas principais redes sociais (X, Instagram, Facebook, Reddit, Tumblr e YouTube) e site noticiosos, indica que a repercussão da sanção é bem negativa: 60% são contra, com 28% a favor — um índice semelhante aos que apoiam o tarifaço de Trump, registre-se.

Por sua vez, a situação econômica terá grande peso eleitoral no ano que vem. Mesmo com o país crescendo pelo quinto ano consecutivo e com o desemprego atingindo a mínima histórica, a aprovação do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue baixa. Entre os fatores que jogam a popularidade do Lula 3 para baixo, consigo enumerar vários: sensação de insegurança; perda do poder de compra, principalmente dos alimentos; e disparada da inadimplência.

Na sociologia política, é praxe afirmar que a economia conta, mas não os dados especificamente. O sentimento de bem-estar, chamado pelos norte-americanos de "feel good factor", é fundamental. Na prática, é preciso responder se a vida melhorou para si e para os mais próximos. É o que importa, no fim das contas.

postado em 01/08/2025 06:03
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