
Cerca de 28% da população brasileira — 50 milhões de adultos — é afetada pela hipertensão arterial, segundo levantamento da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2023. Em todas as 26 capitais brasileiras e em Brasília, mais mulheres (29,3%) do que homens (26,4%) têm pressão alta.
Recentemente, a hipertensão foi tema de uma grande polêmica em razão de uma novidade lançada no Congresso Europeu de Cardiologia, em Londres. Os especialistas classificaram a pressão arterial antes considerada "normal", 12 por 7 (120 por 70 mmHg), como elevada. A categorização, porém, não chegou a ser um consenso entre cardiologistas.
Segundo os autores da nova diretriz, a criação de uma categoria chamada "pressão arterial elevada" é mais um alerta para intensificar o tratamento precoce, mantendo a pressão dentro da meta, especialmente em indivíduos com risco aumentado para doenças cardiovasculares.
No entanto, o que vigora no Brasil (por enquanto) é que a hipertensão arterial é diagnosticada quando o paciente apresenta um índice igual ou superior a 13 por 8. Sendo assim, os profissionais brasileiros têm considerado a medida 12 por 7 um estágio anterior, de pré-hipertensão, mas o termo tem sido usado ainda com cautela. A expectativa é de que, ainda neste semestre, as entidades médicas tracem novos parâmetros no país, tendo como base as mais recentes diretrizes europeias.
Neste mês, as ações giram em torno do Dia Nacional de Combate à Hipertensão Arterial, celebrado hoje. A campanha "Aliança onda: menos pressão, mais ação!", liderada pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), tem estratégias ambiciosas: pretende ter, até 2030, 70% dos pacientes hipertensos brasileiros com a doença controlada, quase o dobro da realidade atual.
A meta é ainda mais ousada quando se considera os objetivos traçados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que espera alcançar o controle da hipertensão em 50% da população mundial até 2040. Somente no Brasil, isso significa salvar 365 mil vidas.
Para isso, os atores públicos e privados — e aqui estão incluídos governos estaduais e municipais, entidades médicas (sociedades e associações), pacientes e sociedade civil — precisam somar esforços para promover ações de controle destinadas a pacientes hipertensos, o que passa por educação em saúde, disponibilidade de assistência e criação de condições que favoreçam à adoção de hábitos saudáveis.
A favor, os envolvidos contam com o uso de tecnologias digitais, na tentativa de influenciar colaboradores — seja informando, seja gerando dados que aprimorem as ações do programa, seja aderindo aos tratamentos. A lista de empecilhos é grande: a avalanche dos ultraprocessados, a cultura do sedentarismo, tão arraigada nos países ocidentais, as dificuldades estruturais para a prática de atividades físicas, entre outros. Inegavelmente, é um trabalho árduo e duradouro, mas nem por isso pode deixar de ser feito.
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