
O governo do Reino Unido tem sofrido críticas e pressão para se explicar após diversos casos de detentos libertados por engano das prisões do país virem à tona.
Os casos mais recentes envolvem as buscas por quatro prisioneiros, soltos equivocadamente em 2024 e 2025. Outros detentos também foram liberados em episódios semelhantes nos últimos meses, mas já estão sob custódia.
Ao todo, 262 prisioneiros foram libertados por engano na Inglaterra e no País de Gales entre março de 2024 e março de 2025. Esse total representa um aumento de 128% em relação aos 115 casos registrados nos 12 meses anteriores.
Os casos
Segundo informações da BBC, dois prisioneiros libertados no ano passado ainda estão foragidos. Outros dois, que foram libertados por engano em junho de 2025, também continuam desaparecidos.
Os detalhes sobre os quatro prisioneiros libertados por engano estão surgindo à medida que cresce a pressão sobre o governo.
Outros dois homens, que foram libertados, por engano da Penitenciária de Wandsworth, em Londres, estão agora sob custódia novamente após intensas buscas policiais durante a última semana.
O criminoso sexual argelino Brahim Kaddour-Cherif foi preso nesta sexta-feira (7/11), enquanto o britânico William Smith se entregou na quinta-feira (6).
Kaddour-Cherif havia sido solto em 29 de outubro. Após ser visto por um cidadão na área de Finsbury Park, no norte de Londres, foi capturado pela polícia.
Ele foi condenado por atentado ao pudor em novembro de 2024 e recebeu uma pena de 18 meses de prisão. O argelino também foi incluído no registro de agressores sexuais do país por cinco anos.
Entende-se que Kaddour-Cherif permaneceu no Reino Unido após o vencimento de seu visto de turista, em 2019, e estava nos estágios iniciais do processo de deportação.
Já William Smith foi libertado na segunda-feira (3/11), após ter sido condenado à prisão no mesmo dia. Ele recebeu uma sentença de 45 meses de prisão por múltiplos crimes de fraude.
Um caso ocorrido no final de outubro também ganhou muito destaque, depois que um criminoso sexual que havia emigrado da Etiópia foi solto após outro erro.
Hadush Kebatu, que chegou ao Reino Unido em um pequeno barco e foi preso por agredir sexualmente uma menina de 14 anos e uma mulher enquanto vivia em um hotel para refugiados, foi libertado por engano da prisão de Chelmsford em Essex. Ele foi posteriormente recapturado e deportado.
Um porta-voz do Ministério da Justiça disse à BBC: "A grande maioria dos criminosos libertados por engano são rapidamente trazidos de volta à prisão, e faremos tudo o que pudermos para trabalhar com a polícia para capturar os poucos que ainda estão na comunidade."
O secretário de Justiça, David Lammy, havia prometido os "controles mais rigorosos de sempre" para evitar novos erros após a libertação acidental de Hadush Kebatu no mês passado.
Anteriormente, o secretário de Justiça da oposição, Robert Jenrick, havia dito que os prisioneiros desaparecidos revelavam "a incompetência deste governo".
"Não se deve deixar para os repórteres a tarefa de descobrir os fatos. [O secretário de Justiça] David Lammy precisa esclarecer quantos prisioneiros foram libertados acidentalmente e quantos ainda estão foragidos", disse.
A porta-voz dos Liberais Democratas, Jess Brown-Fuller, disse que "todos os recursos" devem ser empregados na busca pelos prisioneiros, descrevendo a situação como "uma vergonha e uma completa bagunça".
Durante a semana, o primeiro-ministro Keir Starmer afirmou estar "furioso e frustrado" com os casos.
Falando publicamente sobre as libertações pela primeira vez, o premiê trabalhista atribuiu a sobrecarga do sistema prisional a "falhas" do governo conservador anterior, mas acrescentou: "Reconheço que é nossa responsabilidade intervir e resolver isso".
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