
Escolhido para liderar o país no enfrentamento da maior crise econômica em 40 anos, o centro-direitista Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), assumiu nesse sábado (8/11) a Presidência da Bolívia. A posse do filho do ex-presidente Jaime Paz (1989-1993) marca o fim de um ciclo de 20 anos de governos socialistas na nação andina.
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Paz terá o imenso desafio de fazer a transição entre o atual modelo, de decisões econômicas com grande ênfase na manutenção de programas de apoio à população mais vulnerável, para um sistema que consiga tirar o país do atoleiro sem deixar para trás os mais carentes.
O governo de Luis Arce esgotou quase todas as suas reservas cambiais para sustentar uma política de subsídios universais à gasolina e ao diesel. A inflação anual até outubro foi de 19%, após atingir um pico de 25% em julho.
Paz prometeu cortar mais da metade dos subsídios aos combustíveis e "gastos governamentais supérfluos. Ele se elegeu com um programa que chama de "capitalismo para todos", com forte aposta na formalização da economia, na eliminação de obstáculos burocráticos e na redução de impostos. Para não assustar os eleitores mais à esquerda, contudo, fez questão de acenar com uma transição sem maiores choques. "Não queremos austeridade severa, mas uma economia forte, justa e voltada para gerar oportunidades a todos os bolivianos", discursou no fim da campanha eleitoral.
Promessas
Ontem, ao tomar posse, foi mais duro: "Nunca mais uma Bolívia isolada, submetida a ideologias fracassadas, muito menos uma Bolívia de costas para o mundo", disse Paz, em discurso que marcou distância de seus antecessores, os esquerdistas Evo Morales e Luis Arce.
"O país precisa voltar a produzir. Vamos abrir a economia, atrair investimentos, reduzir as tarifas para bens que não fabricamos e modernizar o sistema energético e digital", disse Paz. Ele também prometeu um "governo da inovação, da ciência, da tecnologia e do futuro verde".
"O desenvolvimento econômico irá de mãos dadas com o respeito ao meio ambiente", afirmou.
Na década anterior, a Bolívia viveu um boom econômico impulsionado pelas exportações de gás, mas hoje, com a queda desse setor, não tem conseguido sustentar suas principais políticas assistencialistas.
"O que diabos fizeram com a gente com toda essa bonança? Por que há pessoas, famílias que não têm o que comer hoje, se éramos tão ricos com tanto gás e com o lítio como futuro?", questionou o novo presidente.
Proteção policial
Paz, de 58 anos, foi recebido com aplausos no palácio legislativo boliviano, no centro de La Paz, pelos deputados e por uma série de delegações internacionais. A área do Palácio do Governo e do Parlamento permaneceu sob forte proteção policial.
"Deus, família e pátria: Sim, juro!", declarou o novo presidente. O juramento foi conduzido pelo seu vice-presidente, Edmand Lara, um ex-oficial da polícia.
Mais de 50 delegações internacionais estiveram na sede do governo da Bolívia, 3.600 metros acima do nível do mar. Entre os principais participantes, estavam o vice-chanceler norte-americano Christopher Landau e os presidentes Gabriel Boric (Chile), Javier Milei (Argentina) e Yamandú Orsi (Uruguai), entre outros.

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