
Tyler Robinson, de 22 anos, acusado de matar Charlie Kirk, ativista de direita pró-Trump, teria confessado o crime em uma mensagem deixada para a colega de quarto, segundo a Promotoria estadual de Utah.
Na terça-feira (16/09), foram apresentadas sete acusações contra Robinson.
O promotor Jeff Gray também anunciou que pedirá a pena de morte contra Robinson e divulgou mensagens que ele teria trocado com a pessoa com quem vivia.
Segundo Gray, Tyler Robinson deixou um bilhete sob um teclado para que a colega encontrasse. O bilhete dizia: "Tive a oportunidade de eliminar Charlie Kirk e vou fazê-lo".
O promotor também apresentou mensagens de texto que Robinson trocou com colegas, incluindo uma em que Robinson teria afirmado que atirou em Kirk porque "estava cansado do ódio dele".
Gray acrescentou que a colega de quarto é um homem (sexo biológico) que está em processo de transição de gênero e tinha um relacionamento romântico do Robinson. Transgêneros são pessoas que não se identificam com seu sexo biológico. Pode ser um homem que se enxerga como mulher, uma mulher que entende como homem ou ainda alguém que acredita não se encaixar perfeitamente em nenhuma destas possibilidades.
Robinson está preso sem direito a fiança em uma unidade especial do presídio do condado de Utah. Ele fez sua primeira aparição em tribunal na terça-feira (16/09), por videoconferência, enquanto os promotores liam as sete acusações.
Tyler Robinson foi acusado formalmente de:
- Homicídio qualificado
- Disparo criminoso de arma de fogo
- Obstrução de justiça (ocultação de arma de fogo)
- Obstrução de justiça (descarte de roupas)
- Manipulação de testemunha (instruir um colega de quarto a apagar mensagens de texto)
- Manipulação de testemunha (ordenar ao colega de quarto que ficasse em silêncio)
- Crime violento cometido na presença de uma criança
Os promotores também disseram que tentarão a pena de morte pelo homicídio de Kirk. "Não tomo essa decisão com leveza", disse o promotor Gray.
O réu, preso na semana passada após uma caçada de 33 horas, ainda não apresentou defesa nem confessou o crime à polícia. O promotor ressaltou que o acusado é considerado inocente até que seja considerado culpado em um julgamento por um júri.
Em entrevista a jornalistas na terça-feira (16/09), Gray apresentou uma série de evidências, incluindo a suposta confissão do réu e o DNA dele encontrado no gatilho do rifle suspeito de ter sido usado no crime.
Uma suposta confissão escondida
Em entrevista coletiva na terça-feira, ao descrever o suposto bilhete deixado pelo acusado, Gray disse que ele enviou uma mensagem de texto à colega de quarto com os dizeres: "Pare o que está fazendo, olhe embaixo do meu teclado".
Após ler a suposta confissão, a colega, que não teve o nome revelado e tem cooperado com as investigações, respondeu: "O quê? Você está brincando, certo?".
Os promotores disseram ainda que Robinson é acusado de intimidação de testemunha, por ter orientado a parceira a apagar as mensagens e permanecer em silêncio se questionada.
Os documentos judiciais do caso apresentam transcrições completas das mensagens, reproduzidas a seguir.
Robinson: "Pare o que está fazendo, olhe embaixo do meu teclado."
(Ao olhar sob o teclado de Robinson, um bilhete dizia: "Tive a oportunidade de eliminar Charlie Kirk e vou aproveitar isso.")
Colega de quarto: "O quê?????????????? Você está brincando, certo????"
Robinson: "Ainda estou bem, meu amor, mas ainda estou preso em Orem [cidade de Utah] por mais um tempo. Não devo demorar para voltar para casa, mas ainda preciso pegar meu rifle. Para ser sincero, esperava guardar esse segredo até morrer de velhice. Lamento por te envolver."
Colega de quarto: "Não foi você quem fez isso, foi????"
Robinson: "Sim, me desculpe."
Colega de quarto: "Achei que eles tivessem pegado a pessoa."
Robinson: "Não, eles pegaram um velho maluco e interrogaram alguém com roupas parecidas. Eu tinha planejado pegar meu rifle no ponto que o deixei logo depois, mas grande parte daquele lado da cidade foi bloqueada. Fiquem calmos, quase consigo sair, mas tem um veículo esperando."
Colega de quarto: "Por quê?"
Robinson: "Por que eu fiz isso?"
Colega de quarto: "Sim."
Robinson: "Estou cansado do ódio dele [Kirk]. Alguns ódios não podem ser negociados."
Robinson: "Se eu conseguir recuperar meu fuzil sem ser visto, não terei deixado evidência. Vou tentar recuperá-lo, espero que já tenham ido embora. Não vi nada que indique que o encontraram."
Colega de quarto: "Há quanto tempo você está planejando isso?
Robinson: "Acho que um pouco mais de uma semana. Posso chegar perto, mas tem uma viatura estacionada bem ao lado. Acho que já revistaram o lugar, mas não quero arriscar."
Robinson: "Queria ter voltado e pegado o rifle assim que cheguei ao veículo. Estou preocupado com o que meu pai faria se eu não devolvesse o rifle ao meu avô… Não sei se tinha número de série, mas não os levariam [policiais] até mim. Estou preocupado com as impressões digitais. Tive que deixá-lo em arbusto onde troquei de roupa. Não tive tempo nem a chance de levá-lo comigo. Talvez eu tenha que abandoná-lo e torcer para que não encontrem impressões digitais. Como diabos vou explicar ao meu pai que o perdi?
A única coisa que deixei para trás foi o rifle enrolado em uma toalha..."
"Lembra que eu estava marcando as balas? As [trecho censurado] mensagens são praticamente um meme. Se eu vir 'notices bulge OwO what's this' na Fox News, vou ter um ataque cardíaco. Bom, vou ter que parar, é uma [trecho censurado]... A julgar pelo dia de hoje, eu diria que a arma do vovô funciona muito bem, sei lá. Acho que era uma mira de US$ 2.000. [cerca de R$ 10.500]."
O termo 'notices bulge OwO what's this', que ele gravou em cartuchos de bala, é uma referência a um meme sobre sexo na subcultura Furry da internet, interessada em personagens animais fictícios com características antropomórficas, ou seja, com personalidade e características humanas.

Suspeito foi confrontado pelos pais
Jeff Gray detalhou como os pais de Tyler Robinson suspeitaram que ele estivesse envolvido no assassinato de Charlie Kirk.
Segundo Gray, a mãe viu um vídeo do suspeito divulgado um dia após o tiroteio e disse ao marido que a pessoa no vídeo se parecia com o filho. Ela o confrontou por telefone sobre a semelhança, mas ele disse que havia ficado em casa doente no dia do crime.
Mais tarde, o pai confrontou Robinson, que teria insinuado a possibilidade de tirar a própria vida, disse Gray. O pai do suspeito desconfiou que a arma usada no crime fosse um rifle que pertencia ao avô de Robinson. Ele pediu ao filho que enviasse uma foto da arma, mas não obteve resposta, disse Gray.
O suspeito foi convencido a ir até a casa dos pais e, enquanto estava lá, supostamente deu a entender que era o autor do ataque. Em seguida, disse que queria "acabar com isso" em vez de ir para a prisão, acrescentou o promotor.
Com a ajuda de um xerife-adjunto aposentado, amigo da família, os pais de Robinson o convenceram a se entregar à polícia. Ele foi preso na noite de quinta-feira (11/09), 33 horas após o tiroteio.
O suspeito também teria dito aos pais que "há muito mal e o sujeito espalha ódio demais", em referência a Kirk, segundo a acusação.
A mãe afirmou aos investigadores que o filho se tornou mais engajado politicamente nos últimos anos, passando a apoiar direitos de pessoas gays e transgênero, além de ter começado a se relacionar com uma pessoa transgênero.
O promotor se recusou a comentar se Kirk teria sido alvo por suas posições sobre pessoas transgênero. "Isso cabe ao júri decidir", afirmou.
Gray acrescentou que Kirk estava respondendo a uma pergunta na Utah Valley University sobre tiroteios em massa cometidos por pessoas transgênero quando foi atingido no pescoço. Ele imediatamente caiu no chão.
O tiro passou perto de outras pessoas, incluindo crianças e da pessoa que fez a pergunta a Kirk, disse o promotor.
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