
Ao menos 1,5 mil cidades brasileiras exportaram produtos para os Estados Unidos em 2024, segundo dados do Comex Stat, sistema oficial de estatísticas do comércio exterior. O total embarcado no período foi de cerca de US$ 40 bilhões.
Parte desses municípios poderá ser diretamente afetada pela tarifa de 50% sobre importações brasileiras, anunciada pelos Estados Unidos e cujo decreto foi publicado nesta quarta-feira, 30.
O valor real do impacto ainda não foi calculado. E nem toda exportação será afetada: o texto do decreto que formaliza a medida traz uma série de exceções às taxações. Os setores de petróleo, polpa e suco de laranja e aviões, por exemplo, aparecem na lista de produtos brasileiros isentos.
O decreto de Trump detalha 694 produtos específicos isentos. Em geral, minerais, produtos energéticos, metais básicos, fertilizantes, papel e celulose, alguns produtos químicos e bens para aviação civil estão isentos da tarifação adicional.
O valor é altamente concentrado: apenas 24 cidades responderam por mais da metade do total enviado aos EUA no ano passado.
No topo da lista está o Rio de Janeiro (RJ), com mais de US$ 4,9 bilhões exportados em 2024, sobretudo em petróleo bruto, que é um dos itens beneficiados pela isenção. A cidade do RJ também exporta produtos de aço e pneumáticos.
Na sequência, São José dos Campos (SP) aparece com US$ 1,9 bilhão. É a cidade sede da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e o valor é puxado por exportações de aeronaves e componentes da empresa. A Embraer é uma das beneficiadas por isenções.
Duque de Caxias (RJ) também se destaca com vendas de derivados de petróleo, enquanto cidades como Piracicaba (SP) exportam principalmente máquinas.
Cidades exportadoras de carne e café aos EUA, concentradas em sua maioria no Sul e Sudeste, podem ser fortemente impactadas pelo tarifaço porque esses produtos não receberam isenção.
Veja na tabela o valor exportado aos EUA por cada cidade brasileira.
Gráficos por Carla Rosch, Equipe de Jornalismo Visual da BBC Brasil.
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