OBITUÁRIO

Morre Félix Junior, um dos principais nomes do violão sete cordas no Brasil

O artista de 44 anos morava em Brasília. Ele deixa legado na música e saudade entre amigos, familiares e fãs

Félix Junior era um dos principais nomes da música instrumental brasileira -  (crédito: Fred Brasiliense/Divulgação)
Félix Junior era um dos principais nomes da música instrumental brasileira - (crédito: Fred Brasiliense/Divulgação)

Morreu, neste sábado (26/4), aos 44 anos, o compositor e violonista de sete cordas Félix Junior, um dos principais nomes da música instrumental brasileira. Nascido em São Paulo, criado em Minas Gerais e morador de Brasília, o artista reconhecido internacionalmente fez turnês ao redor do mundo. O velório ocorre domingo (27/4), das 12h às 14h, no Campo da Esperança. Não foram divulgadas informações sobre a causa da morte. 

Em nota publicada no fim da manhã, a Escola Brasileira de Choro, onde Félix era professor, e o Clube do Choro de Brasília, onde tocou por diversas vezes, comunicaram a morte e prestaram homenagem conjunta. “Um dos maiores nomes do violão brasileiro, cuja sensibilidade e talento deixaram uma marca profunda em nossa música”, descrevem. 

“Félix não foi apenas um extraordinário instrumentista: foi também um amigo querido, uma presença luminosa e um mestre generoso”, destaca a mensagem. “Sua trajetória também enriquece a história do Clube do Choro de Brasília, onde, por inúmeras vezes, emocionou plateias com sua música (...). Sua música, sua amizade e seu exemplo permanecerão sempre vivos entre nós.” 

Mais cedo, o músico Hamilton de Holanda, com quem Félix trabalhou, publicou, nas redes sociais, um vídeo de uma apresentação com o colega. “Muito triste com a partida repentina do amigo, grande músico, compositor, violão 7 cordas, Félix Junior”, escreveu. “Que cara especial ele foi aqui na vida terrena, pela família, esposa e filhas, dá para perceber como ele foi bom, coração de ouro (...). Que os anjos te recebam com a grande música eterna do universo.” 

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O também violonista Fernando César destaca as qualidades não apenas do grande músico e compositor, mas também do grande amigo que era Félix. “Um cara especial assim com os amigos, com os parceiros de música”, relembra. Tinha uma relação também muito amorosa e musical com as filhas. Realmente uma tristeza profunda essa partida dele tão novo.” 

Dos músicos, Félix também era o “craque da bola”: gostava de futebol e jogou por muito tempo antes de se lesionar. Além do esporte, “tinha vários projetos encaminhados para fazer com diversos parceiros musicais, tudo isso findado assim de uma maneira tão abrupta”, lamenta Fernando que tocou com o amigo poucas vezes de forma profissional, por dividirem o mesmo instrumento. 

Informalmente, porém, estavam sempre em contato e se reunindo para rodas de música. “Admirava muito ele como violonista e compositor. Ele tinha facilidade de compor. 

Se Félix não teve muitas oportunidades de dividir os palcos com Fernando, pôde fazê-lo por diversas ocasiões com o amigo Rogério Córdova.

O pandeirista, que junto a Félix e ao também falecido instrumentista Evandro Barcellos formou por muitos anos o trio Brasileiríssimo, comenta sobre a dimensão da perda do violonista para os cenários musicais brasiliense e brasileiro. “A classe dos músicos recebeu essa notícia realmente como uma pancada existencial”, afirma.

Segundo Rogério, características marcantes da personalidade de Félix eram a generosidade e a espontaneidade. “Ele era um monstro do violão, tocava demais, era um absurdo o que ele tocava”, enfatiza. “Só que, quando você tocava com ele, ele era generoso musicalmente, ele fazia você se sentir o máximo também.”

Juntos, mesmo depois da morte de Evandro, os dois acompanharam diversos nomes do choro da capital. “Eu tocando com ele, me sentia o melhor pandeirista do mundo. Ele não humilhava os amigos, ele levantava os amigos, musicalmente falando e pessoalmente falando também.”

Rogério acredita que todas as pessoas que tiveram o privilégio de dividir o palco com o violonista partilharam dessa emoção. “Ele tocava demais, muito mais do que a maioria das pessoas que ele acompanhava, mas em nenhum momento ele era esnobe”, relembra. “Pelo contrário, ele fazia com que você se sentisse grande ao lado dele também. Ele sabia da grandeza dele, da grandiosidade da técnica dele e utilizava isso para fazer os outros crescerem também.”

A cantora e produtora cultural Dhi Ribeiro, que conheceu Félix há mais de vinte anos, quando procurava violonista para a própria banda, conta relato semelhante. “Que talento! Era mestre! Sabia tudo de solo”, elogia. “Tocava como se fosse toda a orquestra. Sua humildade vinha do fato de que ele sabia que dominava a música. Era calmo e genial. Sempre me passava a tranquilidade que eu precisava para fazer um bom show. Foi um irmão que a vida me deu.” 

Ela confirma, como Fernando, que, para sorte dos que ficam, violonista “estava compondo muito” nos últimos tempos e deixa legado musical que o ultrapassa. “Deixou muitas composições maravilhosas nas plataformas digitais. É um pedaço dele que fica. Um presente para todos nós.” 

Além do violão, a maior paixão de Félix eram a esposa e as duas filhas. “Eram os dois grandes amores da vida dele, a música e a família”, garante Rogério.

Após velado, o corpo do músico será cremado. As cinzas serão encaminhadas para o município de Pirapora, em Minas Gerais, onde serão aspergidas no Rio São Francisco, após a Missa de Sétimo Dia.  

postado em 26/04/2025 13:43 / atualizado em 26/04/2025 17:14
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