Música

Festival Música Urbana reforça vibração do rock na capital

O festival de música apresenta shows especiais hoje no Nilson Nelson em uma comemoração tardia do aniversário de Brasília, mas que representa muito a capital nacional do rock n' roll

Capital Inicial promove mais um Música Urbana em Brasília -  (crédito: Fernando Schlaepfer/Divulgação)
Capital Inicial promove mais um Música Urbana em Brasília - (crédito: Fernando Schlaepfer/Divulgação)

 

A nova edição de Música Urbana propõe um passeio pelo rock com Capital Inicial, Paralamas do Sucesso e Samuel Rosa na mais nova edição do Música Urbana. O festival de música apresenta shows especiais hoje no Nilson Nelson em uma comemoração tardia do aniversário de Brasília, mas que representa muito a capital nacional do rock n' roll.

"A gente escolheu Brasília, é a nossa terra", exalta Dinho Ouro Preto, em entrevista ao Correio. Porém, a ideia do festival é exceder a cidade e se tornar algo que converse com o público nacionalmente. "A gente gostaria que, eventualmente, fosse um show que viajasse pelo Brasil. Que fosse uma coisa, uma marca Música Urbana, o nome de um festival, que fosse um festival brasileiro, do rock brasileiro", afirma o vocalista da banda Capital Inicial e um dos organizadores do evento.

O Música Urbana voltou em 2024 em uma comemoração de 40 anos de um show homônimo  realizado no pátio do Colégio Alvorada. Em 1984, as atrações principais foram Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, pouco antes dessas bandas estourarem em outros estados brasileiros. Já no ano passado, a ideia foi relembrar então Capital e Plebe. Marcelo Bonfá representou a Legião, Zélia Duncan foi mais um grande nome de Brasília e Scalene tocou em nome das novas gerações.

O festival foi um sucesso e levou a possibilidade de uma nova edição em 2025. Porém, a ideia não é só olhar para trás. "Eu gostaria que fosse algo que transbordasse além da nossa geração, que não fosse só Dado, Bonfá, Capital, Paralamas e Plebe Rude, que a gente pudesse de repente buscar novos talentos, novos nomes, cavar em Brasília", afirma Dinho que já tem expectativas para 2026. "Queremos fazer a terceira edição ainda em Brasília ano que vem e depois transformar em um festival itinerante pelo Brasil", complementa.

Dinho acredita muito no potencial da música brasileira de unir multidões em grandes eventos. O artista reconhece eventos como o João Rock, mas vê no Música Urbana uma possibilidade para ser o presente e o futuro do rock brasileiro. "Eu gostaria que houvesse um Lollapalooza brasileiro, com artistas brasileiros, só artistas brasileiros. Queria que a gente pudesse fazer uma turnê, que fosse uma coisa que viajasse pelo Brasil inteiro, pegasse todas as regiões, eventualmente todas as capitais. Que pudesse ser algo que pudesse viajar por 27 cidades e, lentamente, acho que isso vai vir a ser construído", almeja o cantor que acredita que o trabalho já começou. "Isso que você está vendo agora, o ano passado e esse, são os dois primeiros passos. É o início de um projeto que é mais ambicioso", comenta.

Com o interesse do público e a iniciativa montada, o Música Urbana pode elevar não apenas as bandas que já estão em alta, mas também novos talentos. "Na última turnê do Capital pedimos demos de bandas para escolhermos nomes para abrirem nosso show, tivemos que encerrar as admissões por que recebemos milhares de arquivos antes mesmo de ouvir a primeira demo", conta Dinho. "Esses festivais poderiam servir como uma catapulta, como uma luz. Ou dar uma voz, um microfone para quem está tendo dificuldade", acredita.

Não morreu!

Um festival como o Música Urbana também é uma demonstração de que o rock, que muitos julgam como morto, permanece forte e em atividade. "O rock é uma coisa bastante fluida. Dentro do rock, você tem uma infinidade de gêneros, Você tem desde death metal, britpop, rock corporativo, punk, rock, que, por sua vez, também são subdivididos. Depois, você tem o hardcore, straight edge, você tem um milhão de subgêneros dentro do punk e dentro do metal também como metal gutural, death metal e vai embora", analisa o vocalista do Capital. "Cada um desses gêneros se subdivide em um milhão de diferentes coisas. Ou seja, o próprio universo do rock é bastante difícil de definir do que a gente está falando. Vai dos Beatles ao Sepultura", acrescenta.

Para o cantor, todos esses gêneros e formas de pensar essa música se encontram em algum lugar. "Se você procurar, você vai encontrar algo que nos une. Por mais que o som hoje, cada um procure a sua identidade, o seu próprio sotaque, o seu próprio jeito de falar. O que acaba nos afastando, talvez, em alguma medida", reflete o músico que diz ser amigo de nomes como Andreas Kisser e João Gordo apesar das bandas que lideram não tenham muitas semelhanças. "Há algo, um denominador comum. Em geral, a origem de como e porque você começou a ouvir rock. Todos foram por um motivo parecido", propõe.

"Acho que o rock se transforma, Ele vai apontando caminhos novos. Tem gente que vai tentando coisas experimentais e te surpreendem dentro do rock", pondera Dinho Ouro Preto. "Ele se reconfigura de algum jeito, ele se reinventa sempre. Ele é elástico, por natureza. E concordo, Os gêneros não morrem. A música erudita é o maior exemplo disso. Os grandes compositores, quase todos se foram, mas, no entanto, continua sendo releito, refeito, relido de algum jeito. Jazz também, inúmeros novos talentos que celebram tanto o passado quanto o presente e apontam caminhos para o futuro", completa.

Entretanto, apesar de estar falando sob o ponto de vista dos roqueiros, o músico entende que a potência do Brasil está na multiplicidade. "Eu acho que faz-se de tudo no nosso país, é uma das características mais bacanas da cultura brasileira. É justamente essa diversidade da música gauchesca à música erudita, ao jazz, ao hip-hop. O que você imaginar é feito no Brasil. É uma força da nossa cultura, é algo que nos caracteriza, na minha opinião, os brasileiros", diz. Então, o rock está em pauta, mas todos merecem espaço para brilhar. "O caminho correto é a diversidade, tem que ter espaço para todo mundo. Mesmo que cada um no seu quadrado", crava.

 

postado em 26/04/2025 06:01
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