
"Pessoas normais em situações extraordinárias." Essa é a máxima da segunda e derradeira temporada de Andor. A série do universo Star Wars teve os primeiros episódios disponibilizados na Disney e mostra a caminhada de um dos maiores rebeldes da saga até uma das missões mais importantes do cânone da guerra nas estrelas.
Em uma junket internacional com a participação do Correio, os atores e o criador Tony Gilroy fizeram questão de frisar essa ideia de que Star Wars também é sobre pessoas comuns e, por isso, Andor é importante para o desenvolvimento dessa narrativa. É uma história com a qual o público se relaciona e se vê refletido. "Desde o início, desde Rogue one, havia uma conexão forte com o público porque é sobre pessoas tomando o que é delas por direito", diz Diego Luna, protagonista da série, quando perguntado pela Revista.
Na nova temporada, a ala rebelde começa a tomar forma enquanto o Império fica cada vez mais autoritário. Andor precisa entender a posição que tem como um grande revolucionário e colocar na balança o futuro do universo e o bem-estar das pessoas que estão à sua volta. Todos esses assuntos são tão atuais quanto bons para uma narrativa ficcional. "A beleza da ficção científica é que é uma grande ferramenta para colocar um espelho e refletir o mundo em que vivemos", analisa Luna. "Quando você sugere que algo acontecesse em 'uma galáxia tão, tão distante', você tem a liberdade de refletir sobre qualquer coisa que preocupa", complementa o ator.
Portanto, o seriado de 12 episódios, com lançamentos semanais, é sobre se revoltar contra o sistema e buscar um futuro melhor com o próprio esforço. "Essa é uma história sobre revolução, sobre as pessoas tomando controle, sobre o povo se unindo e lutando por uma causa. Isso sempre vai ser relevante como narrativa", reflete o ator principal que enxerga a série como muito mais do que a história do personagem que interpreta. "No final, é uma série sobre comunidade. Chama-se Andor, mas é sobre como todos aqueles personagens entendem a força de estarem juntos", acrescenta.
No entanto, nenhuma revolução é feita só de gente importante. "Sempre me interessou falar sobre pessoas comuns. A cozinha no fundo do restaurante é sempre mais interessante que o salão principal. Os bastidores sempre me interessaram mais", diz Tony Gilroy, criador da história. "Já estão falando de jedis e da força desde 1977. Se é preciso contar uma nova história, a ideia é fugir disso. A galáxia é gigante e a maioria das criaturas que a habitam, possivelmente, nunca ouviu falar de jedis, siths ou da família Skywalker", analisa.
Dessa forma, cada figura que está na tela tem a história aprofundada, detalhada, com nuances e emoções. O elenco acredita que isso é graças ao trabalho de escrita do criador da produção. "Tony não escreve personagem planos, ele escreve pessoas que estão no precipício, figuras que estão a ponto de tomar a decisão que mudará toda a vida delas a partir dali. São pessoas que estão com dificuldades e em conflito", afirma Kyle Soller, responsável por dar vida ao personagem Syril Karn, um dos antagonistas. "Chega a ser difícil trazer o mundo externo com toda complexidade que o universo da série tem. É tudo muito complexo e específico", adiciona Adria Arjona, que interpreta Bix.
O caráter multifacetado dos personagens os traz para perto da realidade. Isso faz com que a máxima retorne. Nas palavras de Luna, "são pessoas normais tendo que sujar as mãos, envolvendo-se para ver um futuro melhor". Enquanto Soler destaca como "pessoas normais em situações extraordinárias, esses são os melhores tipos de história".
No final, a série não deixa de ser sobre o mundo real, em que as pessoas vivem, sem muitos anos e galáxias tão, tão distantes. "Nós estamos falando de Star Wars e tem muita coisa que a saga se inspira de revoluções e rebeliões do passado do mundo. A história parece se repetir, e temos que falar sobre isso", exalta Arjona. "
Quatro anos em quatro filmes
Uma das escolhas narrativas mais importantes de Andor desde o princípio é a de separar a série em arcos menores que, juntos, fazem o todo da jornada. Nesta segunda temporada, a ideia era separar os 12 episódios em quatro filmes. Cada grupo de três episódios é situado em um ano e, no fim de cada trio, há um salto temporal. "A ideia surgiu em um jantar com o Diego Luna quando desenhamos a possibilidade em guardanapo", conta Gilroy.
Para o criador, dividir entre anos era preciso para conseguir passar com clareza por todos os assuntos que desembocaram em Rogue one: uma história Star Wars, longa de 2016 que conta a última missão de Cassian Andor. Entretanto, quando viu a forma como desenvolveram esses arcos percebeu que a saída ajudou no caminhar na história e nas escolhas estéticas. "Passou de necessidade, para um conceito legal e chegou a algo que realmente funciona. É muito empolgante fazer uma narrativa com uma nova ferramenta", destaca.
"São realmente quatro filmes que possibilitam a evolução da história e dos personagem", exalta Genevieve O'Reilly, que volta ao papel de Mon Mothma. "Eu nunca experienciei uma evolução de personagem tão grande, a história pode se expandir muito mais com os saltos temporais. Não consigo achar um paralelo na minha carreira para comparar o tanto que compreendi essa personagem", revela. "Andor dá espaço para que os personagem tenham voz", conclui.
Adria Arjona explica que é muito diferente atuar com saltos curtos de tempo. "Você tem saltos temporais maiores em outras produções. Quando se passam cinco, 10 ou 20 anos, o seu personagem envelhece, dá para cortar o cabelo ou usar algumas outras formas para parecer diferente. Um ano, no entanto, é muito específico", comenta. "Acho que o Tony acertou na transição e evolução desses personagens de forma muito bonita. Foi empolgante ler o roteiro e assustador de atuar", conclui.