
Um grupo internacional de especialistas em saúde mental feminina publicou, na revista científica Biological Psychiatry, uma declaração de consenso que defende a reclassificação da psicose pós-parto como uma categoria própria de doença mental. O documento, liderado por Jennifer Payne, da UVA Health, busca aprimorar o atendimento às mulheres que enfrentam essa condição grave após o parto.
A psicose pós-parto é uma doença psiquiátrica severa que afeta cerca de 2,6 em cada 1.000 mulheres. Seus sintomas incluem mania, depressão com traços psicóticos, agitação, irritabilidade e prejuízo do pensamento — sintomas semelhantes aos do transtorno bipolar. Sem tratamento, pode levar ao suicídio materno ou ao homicídio do recém-nascido, sendo considerada uma emergência psiquiátrica que frequentemente exige hospitalização.
Embora de início rápido e sintomas característicos, a condição ainda não é reconhecida como categoria própria nos dois principais sistemas de classificação médica: o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e a Classificação Internacional de Doenças (CID). Essa ausência limita a precisão do diagnóstico e o acesso ao tratamento adequado.
“A psicose pós-parto é uma doença psiquiátrica muito rara e grave que requer uma abordagem de tratamento específica”, afirmou Payne, especialista em psiquiatria reprodutiva da Universidade da Virgínia. “Reconhecê-la como uma entidade clínica distinta promoverá um tratamento mais seguro, eficaz e baseado em evidências.”
O estudo contou com a colaboração de pesquisadores do Reino Unido, Holanda, Índia e outros países, além de associações de defesa de pacientes e da Associação Americana de Psiquiatria. Eles destacam que, embora o lítio — usado no tratamento do transtorno bipolar — seja eficaz na maioria dos casos, a psicose pós-parto tem características próprias que justificam sua reclassificação.
Atualmente, as diretrizes médicas tratam a doença apenas como um “início periparto”, o que, segundo os autores, não reflete sua natureza real, já que os sintomas podem surgir semanas ou até meses após o parto. A proposta inclui novos critérios diagnósticos, como presença de delírios, alucinações e depressão, para facilitar o reconhecimento e garantir atendimento mais rápido e adequado.
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“Esperamos que o reconhecimento da psicose pós-parto como uma entidade clínica distinta melhore a identificação e os resultados, além de estimular novas pesquisas sobre suas causas biológicas”, acrescentou Payne. “É uma condição tratável e potencialmente evitável se compreendermos melhor sua base fisiológica.”
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