
A presença de micro e nanoplásticos está em quase tudo que conhecemos. Com alta capacidade de se espalharem pelo ambiente, a poluição por pequenas partículas de plástico é um problema ambiental e de saúde pública. Em pesquisa divulgada nesta quarta-feira (17/9), cientistas mostram as primeiras evidências de que não só os humanos e outros animais, mas também as plantas absorvem o material.
Estudo da Universidade de Plymouth publicado na revista Environmental Research mostrou como os nanoplásticos podem ser acumular nas partes comestíveis das plantas. A pesquisa utilizou rabanetes cultivados em solução hidropônica, técnica em que as raízes se desenvolvem em uma solução de água e outros nutrientes, sem uso do solo.
No experimento, os cientistas colocaram as raízes dos rabanetes em contato com uma solução de nanopartículas de poliestireno com a presença de carbono radiomarcado. Após cinco dias, o estudo constatou que 5% das partículas presentes na solução, o que equivale a milhões de nanoplásticos, foram absorvidos.
Da quantidade absorvida, cerca de 25% ficaram retidas nas raízes carnudas, a parte comestível do rabanete. Cerca de 10% foram encontrados nas folhas e o restante nas partes não comestíveis. Nathaniel Clark, professor de fisiologia e autor principal do estudo, explica que o estudo alerta para a capacidade dos nanoplásticos de romper barreiras de proteção e se acumularem nos organismos vegetais.
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“As plantas possuem uma camada dentro de suas raízes chamada faixa de Caspary, que atua como uma espécie de filtro contra partículas, muitas das quais podem ser nocivas”, explica. “Esta é a primeira vez que um estudo demonstra que partículas nanoplásticas conseguem ultrapassar essa barreira, com potencial para se acumularem nas plantas e serem transmitidas a qualquer coisa que as consuma”.
Segundo o pesquisador, os resultados indicam um “clara possibilidade de que nanoplásticos estejam sendo absorvidos por diversos tipos de produtos cultivados em todo o mundo”.