
O ditado popular afirma que, quando a orelha esquenta, alguém está falando de você, mas a medicina tem explicações para essa sensação. A verdade é que o aquecimento da orelha pode ser um sintoma de diversas condições, das mais comuns às mais preocupantes.
Felipe de Garcia Mauro, otorrinolaringologista, esclarece que a sensação pode ser tanto físicas quanto emocionais, explicando a origem dessa famosa percepção.
O que pode causar o sintoma?
Segundo Mauro, a sensação de orelha quente pode ser atribuída a traumas repetitivos ou prolongados, como dormir sobre a mesma orelha por um longo período. Além disso, a lista de possíveis causas é longa, incluindo inflamações, infecções locais e infecções relacionadas a brincos ou piercings.
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O médico também menciona a condrite, uma inflamação na cartilagem da orelha. Em casos mais graves, a orelha quente pode ser um sintoma de doenças sistêmicas, como a pericondrite ou policondrite recidivante, que afetam diversas cartilagens do corpo e podem levar a deformidades.
Quando o aquecimento é motivo de preocupação:
Mauro alerta que a orelha quente deve ser motivo de preocupação médica quando o paciente apresenta dor intensa, suspeita de infecção (como otite), ou traumas locais extensos. Outros sinais de alerta são: febre, mal-estar geral e a percepção de lesões ou machucados na pele da orelha. Nesses casos, a recomendação é procurar ajuda profissional imediatamente.
O médico também faz um alerta importante: "É bastante comum encontrarmos traumatismos de repetição, principalmente os pacientes que coçam bastante o ouvido por dentro ou tem o hábito de introduzir cotonete ou algum outro dispositivo" como tampas de caneta ou outros objetos. Essa automutilação pode levar a inflamações e infecções locais, causando a sensação de desconforto.
A orelha e a saúde mental
O especialista ressalta a relação entre a orelha quente e a saúde mental. "Pacientes com transtornos relacionados à saúde mental, que são portadores de ansiedade ou depressão, eles podem ser candidatos a, entre aspas, cutucar o ouvido de forma exagerada", afirma Mauro.
Nesses casos, o tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo não apenas o otorrinolaringologista para tratar a infecção ou o trauma, mas também outros profissionais para um acompanhamento a longo prazo. O objetivo é ajudar o paciente a "não se automutilar novamente", focando não apenas no sintoma físico, mas em sua causa emocional.
Estagiária sob supervisão de Luciana Corrêa