EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Cientistas apresentam a fórmula da vida inteligente extraterrestre

Um novo estudo desafia a crença de que a vida inteligente é comum no Universo. E a resposta não está apenas na busca por planetas dentro da "zona habitável" das estrelas

Segundo os cientistas, para que a vida inteligente surja, não basta que um planeta esteja na chamada
Segundo os cientistas, para que a vida inteligente surja, não basta que um planeta esteja na chamada "zona habitável", onde a temperatura permite a existência de água líquida. É preciso também uma combinação de elementos - (crédito: Gemini/Nano Banano com base na matéria)

A ideia de que o Universo está repleto de vida inteligente sempre fascinou cientistas e o público em geral. Afinal, como existem bilhões de planetas apenas na Via Láctea, não seria razoável imaginar que muitos deles poderiam abrigar civilizações avançadas? Um novo estudo, no entanto, sugere que a realidade indicam que a vida inteligente tende a ser um fenômeno extremamente raro.

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Publicado por cientistas austríacos, o estudo leva em conta as condições atmosféricas e geológicas de um planeta para determinar a probabilidade do surgimento de civilizações tecnológicas, como a humana. Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Espacial da Academia Austríaca de Ciências, em Gratz, liderados por Manuel Scherf e Helmut Lammer, analisaram fatores cruciais para a evolução da vida complexa em planetas fora do Sistema Solar.

Segundo os cientistas, para que a vida inteligente surja, não basta que um planeta esteja na chamada "zona habitável", onde a temperatura permite a existência de água líquida. É preciso também uma combinação de elementos. Atmosferas semelhantes à da Terra, ricas em nitrogênio e oxigênio, quantidades controladas de dióxido de carbono e até mesmo a presença de placas tectônicas, responsáveis por regular o carbono ao longo de bilhões de anos.

Na Terra, esse equilíbrio levou mais de 3 bilhões de anos para permitir o aparecimento da inteligência humana. Nossa atmosfera, por exemplo, já teve cerca de 6% de dióxido de carbono, mas hoje concentra menos de 1%, em grande parte graças à ação conjunta da vida e da geologia. Ao mesmo tempo, a alta taxa atual de oxigênio (21%) é fundamental não só para a sobrevivência animal, mas também para avanços tecnológicos, como a fundição de metais.

Com base nesses parâmetros, Scherf e Lammer estimam que pode haver apenas um punhado de civilizações espalhadas pela Via Láctea. A mais próxima de nós poderia estar a 33 mil anos-luz de distância e já teria, pelo menos, centenas de milhares de anos de existência. Para que duas civilizações coexistam no mesmo período, o tempo médio de vida delas precisaria ser de pelo menos 280 mil anos. E, se quisermos imaginar 10 delas vivendo ao mesmo tempo, cada uma teria de durar mais de 10 milhões de anos.

Apesar do cenário pouco animador, os pesquisadores reforçam a importância de continuar procurando sinais de vida inteligente. “Embora as ETs possam ser raras, só há uma maneira de realmente descobrir: procurando por elas”, disse Scherf. “Se não encontrarmos nada, nossa teoria se fortalece. Mas, se o SETI detectar algo, será um dos maiores avanços científicos da história, a prova de que não estamos sozinhos no Universo”, disse, durante a apresentação do estudo na Reunião Conjunta EPSC-DPS2025, realizada em Helsinque, na semana passada.

postado em 16/09/2025 12:12 / atualizado em 16/09/2025 17:17
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