PANDEMIA

O caso mais longo de covid-19: homem passou 776 dias infectado até morrer

Paciente de 41 anos, que vivia com HIV sem tratamento adequado, manteve infecção ativa por mais de dois anos

Um homem de 41 anos permaneceu infectado pelo coronavírus por 776 dias consecutivos -  (crédito: Reprodução/Unsplash/Fusion Medical Animation)
Um homem de 41 anos permaneceu infectado pelo coronavírus por 776 dias consecutivos - (crédito: Reprodução/Unsplash/Fusion Medical Animation)

Médicos nos Estados Unidos documentaram o que acreditam ser o caso mais longo de covid-19 já registrado. Um homem de 41 anos permaneceu infectado pelo coronavírus por 776 dias consecutivos, até morrer. O paciente, que vivia com HIV avançado e não seguia corretamente o tratamento antirretroviral, tinha o sistema imunológico enfraquecido, o que permitiu que o vírus persistisse e acumulasse mutações raramente vistas em pessoas saudáveis. Os resultados foram publicados nesta segunda-feira (15/9) na revista científica The Lancet: Microbe.

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Segundo os pesquisadores da Universidade de Boston, a infecção começou em maio de 2020, com o paciente apresentando tosse, dores de cabeça e fadiga, após contato próximo com um caso confirmado da doença. O diagnóstico oficial, no entanto, só veio em setembro daquele ano, quando sua condição piorou e foi levado ao hospital.

Entre março de 2021 e julho de 2022, oito amostras clínicas foram coletadas, e análises genômicas mostraram que o vírus no corpo do paciente passou por um processo de evolução intrahospedeiro ao longo de mais de dois anos. Isso significa que o microrganismo adquiriu múltiplas mutações, algumas semelhantes às identificadas depois em variantes como a Ômicron, embora nenhuma tenha se espalhado para além dele. Além disso, 68 mutações foram identificadas.

Apesar do acúmulo de mudanças, não há indícios de que o vírus tenha se espalhado para outras pessoas. Os cientistas acreditam que o coronavírus tenha se adaptado de forma tão específica ao organismo do homem que pode ter perdido a capacidade de transmissão. Até dois dias antes da morte, causada por fatores não diretamente ligados à covid-19, testes de PCR ainda detectavam o vírus ativo.

Casos extremos como esse, geralmente associados a pacientes imunocomprometidos, já foram documentados em outros países. Em 2024, médicos na Holanda relataram um homem de 72 anos que permaneceu infectado por 613 dias, e em 2022, no Reino Unido, um paciente testou positivo por 505 dias. 

 

postado em 15/09/2025 15:29
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