ALIMENTAÇÃO

A exemplo dos macacos, ancestrais dos humanos gostavam de banquetes e bebidas alcoólicas 

Cardápio reunia frutos caídos das árvores, tubérculos e amêndoas

Análises com gorilas explicam vários comportamentos humanos   
 -  (crédito: Catherine Hobaiter Universidade de St Andrews)
Análises com gorilas explicam vários comportamentos humanos - (crédito: Catherine Hobaiter Universidade de St Andrews)

Os cientistas liderados por Nathaniel Dominy (Dartmouth College) e Catherine Hobaiter (University of St Andrews) constataram que, a exemplo dos macacos, os primeiros humanos apreciavam se reunir em torno de um vasto cardápio, geralmente baseado em frutos caídos das árvores, tubérculos e amêndoas. Para ele, a antecipação dos banquetes atuais. Essas frutas, segundo os pesquisadores, passavam por fermentação semelhante ao etanol, dando um toque especial ao momento.

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"A ingestão de álcool pelo último ancestral comum de gorilas, chimpanzés e humanos, há cerca de 10 milhões de anos, pode explicar por que os humanos são tão incrivelmente bons em digerir álcool", disse Dominy. "Evoluímos para metabolizar o álcool muito antes de descobrirmos como produzi-lo, e produzi-lo foi um dos principais impulsionadores da Revolução Neolítica, que nos transformou de caçadores-coletores em agricultores e mudou o mundo."

Os autores escreveram que a sociabilidade promovida pelo hábito de colheita de frutos caídos e o "consumo conjunto de álcool" e a associação aos banquetes e rituais sagrados são "eventos que produzem e reforçam a identidade e a coesão da comunidade". No artigo publicado na BioScience, os cientistas questionam: "É possível rastrear as raízes desses hábitos alimentares humanos até o scrumping (expressão utilizada para o costume de catar fruídos caídos) social de frutas fermentadas nas florestas tropicais da África?".

Inicialmente, os autores estão convencidos de que o costume atual de os humanos se reunirem em torno de comida e bebida é um hábito muito mais antigo do que se imagina. Eles acreditam que ao comer frutas fermentadas desencadearia alteração em um aminoácido no último ancestral comum de humanos e macacos africanos, que teria aumentado a capacidade de metabolizar álcool em 40 vezes.

A esse costume de coleta de frutos, os cientistas batizaram com a palavra scrumping. A palavra é a forma inglesa da alemã medieval schrimpen, substantivo que significa "murcho" ou "encolhido", usado para descrever frutas maduras ou fermentadas. Na Inglaterra atual, scrumpy se refere a uma cidra de maçã turva com um teor alcoólico que varia de 6 a 9%.

É possível que os humanos tenham se inspirado nos macacos, copiando o hábito e aprendendo a saborear frutos fermentados, segundo Catherine Hobaiter, professora de psicologia e neurociência em St Andrews e coautora correspondente do estudo. "Uma característica fundamental da nossa relação com o álcool é a tendência de bebermos juntos, seja uma cerveja com amigos ou um grande banquete social", diz Hobaiter. "O próximo passo é investigar como a alimentação compartilhada com frutas fermentadas também pode influenciar as relações sociais em outros primatas." (RG)

 

 

postado em 01/08/2025 06:00 / atualizado em 01/08/2025 08:21
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