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Rolê Cultural celebra Consciência Negra com arte e memória no CCBB

Arte, ancestralidade e aprendizado se entrelaçam em vivências que celebram as matrizes africanas no CCBB, com oficinas e jogos inspirados na cultura negra

 Fabiana Souza, com Samuel Omar, Luan Coelho e Emanuel Pereira -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Fabiana Souza, com Samuel Omar, Luan Coelho e Emanuel Pereira - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Novembro chega em Brasília tingido pelas cores, sons e saberes das matrizes africanas e afro-brasileiras. Entre as milhares de ações espalhadas pela capital para celebrar as tradições, uma que se destaca é o Rolê Cultural — Educativo CCBB, realizado pelo Centro Cultural Banco do Brasil. A programação do mês da Consciência Negra é costurada como um grande tapete de vivências, onde a arte se apresenta como um ponto de encontro, uma forma de preservar a memória e uma semente para um futuro compartilhado. 

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A proposta é um convite para o público de todas as idades mergulhar em uma jornada que vai da oralidade quilombola à delicadeza das canções ancestrais de África à pura alegria do brincar. Coordenador pedagógico do Rolê Cultural, Auber Betinelli explica que a escolha por uma programação voltada à Consciência Negra neste mês foi um processo natural dentro da instituição. 

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"Como o CCBB é um lugar de cultura, muito conhecido na cidade e que traz esse programa educativo com muitas ações, foi natural que elegêssemos algumas delas com esse tema, para dar mais visibilidade e aproveitar o diálogo que o mês de novembro oferece", conta. Segundo ele, a proposta é tratar de temas ligados às matrizes africanas e afro-brasileiras "de um jeito lúdico, leve, que envolva pais, crianças e famílias".

 07/11/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Rolê Cultural educativo no CCBB
Evento educativo no CCBB marca o mês da Consicência Negra (foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

O espaço educativo, onde acontecem as atividades, é dividido em três áreas principais: um ambiente de leitura com livros voltados especialmente para o público infantil; uma seção de jogos relacionados à arte e à percepção visual; e a sala de oficinas, onde ocorrem as atividades práticas nos fins de semana, com linguagens diversas e para diferentes idades. 

Para o coordenador, o conceito de "arte como encontro, memória e futuro compartilhado" se concretiza justamente nas experiências propostas ao público. "Nosso trabalho é fazer com que as pessoas se sintam à vontade com linguagens com as quais às vezes não têm tanto contato. As ações são sempre pensadas dentro dessa lógica do encontro com a arte, de produzir experiências", explica. 

 

História coletiva

Supervisora do Rolê Cultural, Isabela Formiga trabalha com arte e educação há mais de 10 anos e participa da equipe responsável pelas ações educativas do CCBB Brasília desde junho deste ano. Entre as vivências coordenadas por Isabela está o "Jogo das Heroínas Negras", criado especialmente para o mês da Consciência Negra. 

A proposta utiliza cartas coloridas com elementos como orixás, palavras de origem africana e figuras históricas, entre elas Luísa Mahin, Maria Felipa e Teresa de Benguela. "A jogabilidade é parecida com um dominó: as cartas se encaixam pelas cores e, a partir dos personagens e símbolos, os participantes criam uma história coletiva. É um jogo cooperativo, em que todos ajudam a construir a narrativa", explica.

 07/11/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Rolê Cultural educativo no CCBB. Isabela Formiga - educadora
Isabela Formiga trabalha há 10 anos com arte e educação (foto: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A oficina é voltada principalmente para estudantes do ensino fundamental II, mas atrai públicos diversos. Para a educadora, a atividade cumpre um papel importante no debate sobre representatividade e respeito às religiões de matriz africana. Ela destaca também o impacto simbólico da iniciativa: "É uma maneira de dar visibilidade aos artistas negros, de mostrar às crianças e jovens que a cultura afro-brasileira faz parte do nosso vocabulário, das nossas práticas e da nossa história. É sobre valorizar e integrar essas referências no nosso cotidiano".

 

Percepção ampliada

Durante uma dessas visitas, a arte educadora e mediadora cultural do Rolê Cultural Fabiane Souza acompanhava um grupo de estudantes da Universidade de Brasília, entre eles Samuel Omar, Luan Souza Coelho e Emanuel Parreira, alunos do curso de biblioteconomia. Eles participaram de uma oficina inspirada na exposição A Fincapé – Histórias da Terra, do artista Antônio Obá. "A ideia é que os participantes criem desenhos com carvão a partir da imagem de um pé de árvore do Cerrado, pensando na relação entre corpo e natureza", explica Fabiana.

Para Samuel, a atividade foi uma oportunidade de aprendizado fora da sala de aula. "É um espaço que amplia nossa percepção sobre a cultura brasileira", diz. Luan destaca a importância de experiências que valorizam produções nacionais. "Muitas vezes, a gente olha muito para culturas estrangeiras e esquece da riqueza do Brasil. Acho importante conhecer artistas que falam das nossas origens, da nossa história", afirma.

 07/11/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Rolê Cultural educativo no CCBB. Fabiana Souza - educadora com os estudantes Samuel Omar,Luan Coelho e Emanuel Pereira.
07/11/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Rolê Cultural educativo no CCBB. Fabiana Souza - educadora com os estudantes Samuel Omar,Luan Coelho e Emanuel Pereira. (foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

O grupo também comentou as impressões sobre a obra de Antônio Obá, artista de Ceilândia que trata de temas ligados ao corpo, à espiritualidade e ao Cerrado. Emanuel admite ter ficado intrigado com a forma como o artista retrata o corpo humano. "Causa um certo desconforto, mas é interessante ver como ele desmonta e reorganiza o corpo de um jeito que foge do padrão", observa.

Os estudantes saíram da visita com a sensação de que a experiência vai além da apreciação estética. "Cada pessoa vai tirar algo diferente daqui — pode ser o encantamento, o desconforto, a curiosidade. É uma vivência individual e muito rica", diz Luan.

 

  •  Evento educativo no CCBB marca o mês da Consicência Negra
    Evento educativo no CCBB marca o mês da Consicência Negra Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  •  07/11/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Rolê Cultural educativo no CCBB. Fabiana Souza - educadora com os estudantes Samuel Omar,Luan Coelho e Emanuel Pereira.
    07/11/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Rolê Cultural educativo no CCBB. Fabiana Souza - educadora com os estudantes Samuel Omar,Luan Coelho e Emanuel Pereira. Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  •  Visitante pode interagir com painel em um dos espaços
    Visitante pode interagir com painel em um dos espaços Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  •  Isabela Formiga trabalha há 10 anos com arte e educação
    Isabela Formiga trabalha há 10 anos com arte e educação Foto: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  •  Em jogo cooperativo, presentes cocriam uma narrativa
    Em jogo cooperativo, presentes cocriam uma narrativa Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  • Programação ocorre de terça a domingo, de 9h às 20h30. Confira!
    Programação ocorre de terça a domingo, de 9h às 20h30. Confira! Foto: Correio Braziliense
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postado em 08/11/2025 06:00
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