
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) participará da COP30, em Belém, no Pará, a partir da próxima segunda-feira, com uma iniciativa ambiciosa: a AgriZone, um espaço que funcionará como vitrine de tecnologias, ciência e cooperação internacional voltadas à agricultura sustentável. Aberto ao público, mediante inscrição gratuita, o local contará com cerca de 400 eventos, exposições e experiências interativas.
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Em entrevista ao CB.Agro — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília —, nesta sexta-feira (7/11), o pesquisador Jorge Werneck, da Embrapa Cerrados, explicou que a ideia do projeto nasceu há um ano, com o objetivo de mostrar ao mundo o protagonismo do agro nacional.
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"A Embrapa imaginou um projeto para aproveitar que a COP30 seria aqui e, além de mostrar as questões das florestas, também evidenciar o desenvolvimento do setor agrícola brasileiro, que é um exemplo para o mundo. Somos um país que alimenta cerca de 10% da população mundial", afirmou.
Segundo Werneck, a AgriZone é resultado de um longo processo de diálogo com diferentes setores da sociedade. A Embrapa promoveu, ao longo do último ano, a chamada Jornada pelo Clima, que envolveu debates e encontros em diferentes biomas brasileiros.
"Convidamos especialistas, representantes da sociedade civil e pessoas que trabalham com o agro e o meio ambiente para levantar desafios e oportunidades. Foram mais de 100 palestrantes e 2 mil participantes. A ideia foi entender como o Brasil pode se posicionar e se mostrar ao mundo", contou o pesquisador.
O espaço em Belém contará com cinco auditórios, onde as discussões ocorrerão simultaneamente durante as duas semanas da COP30. "Teremos uma grande estrutura, organizada pela Embrapa com o apoio do Ministério da Agricultura e de outros parceiros. Serão milhares de pessoas debatendo temas que envolvem ciência, sustentabilidade, tecnologia e inovação no campo", explicou Werneck.
Diversidade
A proposta da AgriZone é reunir diferentes perspectivas e promover um ambiente verdadeiramente plural. "Faremos um evento inclusivo, com diferentes vozes sendo ouvidas. Aproximadamente 25% das sessões serão conduzidas por governos, sejam nacionais, internacionais, estaduais, municipais e até embaixadas. Mas teremos 15% organizadas por ONGs, 15% por empresas e 15% por instituições de ensino e pesquisa."
Werneck reforçou que o espaço foi concebido como um grande fórum de troca de experiências e construção conjunta de soluções. "A ideia é que todos possam dialogar, aprender e cooperar."
Relevância global
Questionado sobre a possibilidade de os debates resultarem em novos financiamentos para projetos climáticos, o pesquisador acredita que o foco principal é gerar relevância e engajamento.
"Primeiro, temos que ser relevantes. Temos que mostrar o que é importante. Obviamente que o financiamento é necessário, tanto para a implementação das ações quanto para as pesquisas. Mas ele é apenas uma parte da solução, não o todo", ressaltou.
O financiamento climático é, de fato, uma das maiores lacunas nas negociações internacionais. "Existe uma estimativa de que precisamos de R$ 1,3 trilhão por ano para enfrentar o aquecimento global e impedir que a temperatura do planeta suba 1,5°C. É muito dinheiro, e menos de 20% disso foi alcançado", observou.
Ele lembrou que o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, tem cobrado responsabilidade compartilhada entre as nações. "Mesmo que esse montante ainda não esteja completo, há investimentos sendo feitos. O importante é que o multilateralismo está vivo. A COP30, com mais de 150 delegações, mostra que há espaço para que as nações se sentem à mesa e discutam soluções para um problema que afeta a vida de todos", completou.
Tecnologia em campo
A AgriZone ficará instalada em uma área da Embrapa Amazônia Oriental, que fica em Belém, e foi especialmente preparada para receber o evento e mostrar, na prática, o potencial da agricultura tropical sustentável.
"É uma área muito grande, com mais de 70 técnicas e variedades de cultivos agrícolas sendo apresentadas em campo. As pessoas poderão ver de perto como se produz da maneira mais sustentável possível", explicou Werneck.
O objetivo, segundo ele, é aproximar o público das soluções que já estão sendo desenvolvidas pela pesquisa brasileira, aliando produtividade e redução de emissões de carbono.
"Queremos mostrar que é possível uma agricultura de qualidade, com baixas emissões e resiliente às mudanças climáticas. Mesmo com as dificuldades, temos tecnologia e conhecimento para adaptar a produção e evitar que os preços dos alimentos subam."
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