
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) denunciou uma das unidades da Comunidade Terapêutica Liberte-se, no Lago Oeste, ao Ministério Público e Defensoria Pública. Segundo a comissão, durante uma inspeção realizada na última terça-feira (16/9), os internos relataram maus-tratos, trabalho forçado, tortura e precariedade na alimentação. Três responsáveis pela Liberte-se foram presos. A clínica leva o mesmo nome de outra unidade, cuja sede pegou fogo em 31 de agosto e deixou cinco mortos e 11 feridos.
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O presidente da CDH, deputado distrital Fábio Félix (PSol), ressaltou que é necessária uma investigação séria e rigorosa sobre a instituição do Lago Oeste. “Recebemos diversas denúncias de violação de direitos humanos, como trabalho forçado, indícios de tortura e maus-tratos, de violência sexual, cobranças excessivas, falta de atendimento em saúde. A situação é grave, por isso tomamos providências com o Ministério Público e a Defensoria Pública”, afirmou.
Em imagens cedidas ao Correio, é possível ver que alguns locais da clínica apresentam fiação exposta. De acordo com relatos de internos à comissão, apesar da promessa de tratamento, a clínica não oferecia profissionais qualificados, deixando os monitores receitarem medicações.
O espaço possui capacidade para abrigar até 70 pessoas, entretanto, os internos relataram que mais de 100 homens viviam no local. Ao final do dia, cerca de 60 pessoas foram encaminhadas à 35° DP de Sobradinho II para prestar depoimento, o que resultou na prisão dos donos da clínica.
Maus-tratos
À Comissão de Direitos Humanos, foi relatado uma rotina de violência física e psicológica se os internos não seguissem as ordens que eram passadas. Apesar de prometer visitas regulares a cada mês, alguns dos pacientes relataram que não possuem contato com a família há meses.
Além dos maus-tratos e abusos psicológicos, a precariedade da alimentação também foi denunciada. Nos vídeos feitos pela comissão é possível ver uma mesa que continha pratos apenas com arroz e batata doce cozida. Ao fundo, um dos internos comenta que não era oferecido carne. “É arroz, arroz e arroz”, diz.
O Correio tenta contato com os responsáveis pela Comunidade Terapêutica Liberte-se. O espaço segue aberto para manifestações
Veja o vídeo:
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