
Após a morte de dois servidores do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) durante um incêndio florestal, na última terça-feira, veio à tona o debate sobre a importância de um protocolo de segurança para os profissionais que trabalham no combate direto ao fogo, como bombeiros e brigadistas. O Correio conversou com profissionais da área e traz detalhes sobre os protocolos a serem seguidos e equipamentos de proteção, além de dicas à população para evitar incêndios florestais.
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De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), o número de chamados para esse tipo de ocorrência em julho foi o maior desde o início de 2025. Em maio, foram registradas 221 ocorrências; em junho, 809; e em junho, 1.566. Segundo a corporação, o número de ocorrências é menor, pois dentro da contabilização do número de chamados há duplicações de chamados para a mesma ocorrência. No entanto, até o fechamento desta reportagem, o CBMDF não tinha consolidado o levantamento total de ocorrências.
Quando o combate é realizado pelos bombeiros, são mobilizados cinco militares e utilizados equipamentos como bomba costal, abafador, capacete com óculos de proteção, balaclava, vestimenta completa resistente à atividade, coturno com sola própria, soprador (o mesmo utilizado para limpeza de calçadas) e, em alguma situações, enxada para fazer aceiro (áreas de terra sem vegetação ao redor de incêndios para impedir que o fogo se propague). Dependendo do acesso, são usadas viaturas com tanque d'água próprio.
Segundo o protocolo, ao chegar ao local, o comandante avalia o tipo de terreno, o vento, o potencial de queima e a equipe disponível. Caso seja necessário, solicita recursos adicionais. A estratégia é definida pelo especialista, que determina como as equipes realizarão o combate ao fogo e protegerão as áreas mais relevantes para impedir que o incêndio se alastre.
Brigadistas
Quando o trabalho é realizado por brigadistas florestais, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade alerta para a importância da utilização da vestimenta e dos equipamentos corretos. O uniforme padrão é composto por calça confeccionada em tecido rip-stop, camiseta em algodão, gandola (jaqueta que protege o brigadista do fogo e da vegetação), coturno com proteção no tornozelo, perneiras, capacete, balaclava, óculos de proteção, luva vaqueta para manusear ferramentas e cinto NA, um modelo norte-americano normalmente usado pelas forças armadas em contextos táticos e operacionais.
As ferramentas de prevenção e combate a incêndios incluem motobombas com mangueira para captação de água para resfriamento, turbossopradores próprios para incêndios florestais, bombas costais flexíveis ou rígidas, abafadores, além de enxadas, roçadeiras, foices, motosserras, entre outros. O manuseio dessas ferramentas deve ser feito apenas por pessoas capacitadas como brigadistas florestais.
"Os principais riscos aos quais o brigadista florestal está submetido são calor extremo, queimadura da pele e das vias aéreas devido à fumaça tóxica e inflamável, além de exaustão, desidratação e possível queda em terrenos acidentados", elencou ao Correio um profissional que atua há 10 anos no combate a incêndios florestais e preferiu não se identificar. "Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) usados pelos bombeiros ainda são melhores do que os usados pelos brigadistas florestais. Creio que deveriam ser iguais", ressaltou.
O curso de formação para brigadista florestal dura cerca de 40 horas. "É importante saber mapear o local e quando agir, bem como conhecer as técnicas de combate a serem adotadas ", recomentou o profissional.
Saiba Mais
Dicas
» Não queime lixo, folhas secas ou restos de poda;
» Evite o uso do fogo para limpeza de terrenos;
» Não descarte bitucas de cigarro acesas em áreas com vegetação seca ou na beira de estrada;
» Só faça fogueiras em locais permitidos (longe da vegetação) e sempre apague totalmente ao sair;
» Em propriedades rurais, crie aceiros (faixas sem vegetação) ao redor de plantações, pastos e construções;
» Evite o acúmulo de vegetação seca próximo a casas, postes, cercas e estradas;
» Em caso de incêndio, chame o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193;
» Só tente apagar o fogo se tiver equipamento e treinamento. Não se coloque em risco;
» Em caso de incêndio criminoso, ligue 190, 197 ou 193.