
Movimentos leves, músicas tranquilas e muita cultura chinesa fizeram parte da manhã de hoje (26/4) na Praça da Harmonia Universal, da EQN 104/105. Foi lá a comemoração do Dia Mundial do Tai Chi e do Chi Kung. O evento, aberto ao público, contou com práticas do Tai Chi Chuan para todas as idades, além de apresentações das artes marciais chinesas e uma feirinha com comerciantes locais.
O ponto alto do encontro foi às 10h, quando, seguindo a orientação da Organização Internacional do Dia Mundial do Tai Chi e Chi Kung, praticantes ao redor do mundo fizeram, simultaneamente, a sequência de 24 movimentos do Tai Chi simplificado. A comemoração segue o fuso horário de cada cidade, iniciando na Nova Zelândia e finalizando no Havaí. Os praticantes acreditam que, assim, formam uma corrente vibracional de paz, saúde e fraternidade ao redor do planeta.
Luta e filosofia
O Tai Chi Chuan, ou simplesmente Tai Chi, é uma arte marcial chinesa conhecida por seus movimentos lentos, contínuos e circulares. Surgido como uma prática de autodefesa, o Tai Chi evoluiu ao longo dos séculos até se tornar também uma forma de meditação em movimento, focada na respiração, no equilíbrio e na consciência corporal.
O Chi Kung (ou Qigong) é ainda mais antigo e abrange um vasto conjunto de exercícios que combinam posturas, respiração e concentração mental. Seu objetivo é cultivar e equilibrar o “Chi” — a energia vital, segundo a medicina tradicional chinesa.
Prática e equilíbrio
Yara Márcia Almeida Costa, de 69 anos, uma das professoras presentes, começou sua trajetória no Tai Chi em 1987, em Itaí, São Paulo. Morando em Brasília desde 1998, Yara conheceu o Tai Chi ao conhecer o Mestre Woo, responsável por trazer a prática para a cidade, em 1974.
Segundo ela, a prática representa um estilo de vida baseado na disciplina e no equilíbrio entre mente e corpo. “Além de articulações e músculos, você trabalha o relaxamento da mente e cultiva boa energia”, explica.
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Para Tobias de Oliveira, de 39 anos, a prática veio para o alívio das dores causadas pela espondilolise — fratura na parte da vértebra que liga as articulações. “Quando eu comecei, achei horrível, tudo muito devagar. Mas hoje vejo que o maior benefício da prática é o fazer devagar, porque é só assim que conseguimos prestar atenção nos movimentos e desaceleramos um pouco a mente”, explicou.
Tai Chi em família
Aristein Woo, de 55 anos, é médico e filho do Mestre Woo, e destaca a importância do evento na cidade. "Eu comecei vendo o meu pai praticando e fui me interessando", afirma.
Victor Palazo, de 30 anos, também levou a filha para participar da prática. Professor de Kung Fu — arte marcial que é a base do Tai Chi Chuan —, ele conta que começou na atividade ainda na adolescência e que hoje ela faz parte da sua vida.
Durante o evento, Victor se apresentou ao lado de um colega. Além dos movimentos tradicionais, a dupla também encarou o desafio de animar o público com o dragão chinês. Quem não quis ficar de fora foi Maré Rose, de apenas 3 anos, filha do lutador, que acabou invadindo a apresentação. "Eu gosto de fugir do dragão. O papai tentou me pegar, mas eu fugi", contou, entre risadas. Victor explica que sempre tenta levar a pequena para suas apresentações. "A rotina é muito corrida, mas sempre que dá, ela vem comigo", disse.
A estudante Vitória Giácomo, de 26 anos, também foi acompanhar a mãe, que faz parte da Associação Being Tao. Vendedora de artigos artesanais, como flores resinadas, gravuras e oráculos chineses, ela também pratica o Tai Chi Chung, mas de forma esporádica. “Dessa vez, vim pra acompanhar minha mãe e trabalhar um pouquinho também”, explicou.
O evento foi organizado pela associação Being Tao, que, desde de 1980, difunde em Brasília a filosofia de saúde integral desenvolvida pelo Mestre Woo. Fruto da combinação entre os conhecimentos milenares da medicina chinesa, das artes marciais e da vivência no Brasil, o Being Tao tem a prática do Tai Chi Chuan como central nas atividades da associação.
Confira fotos do evento: