
Belém dá neste domingo (9/11) um passo inédito rumo à sustentabilidade, com a inauguração da primeira unidade pública de compostagem da cidade e da região amazônica. O espaço entra em funcionamento como marco simbólico da abertura da 30ª edição da Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima (COP30) e pretende transformar o destino dos resíduos orgânicos, responsáveis por grande parte das emissões de gases de efeito estufa (GEE) na capital paraense.
A iniciativa, fruto de parceria entre o Instituto Pólis, o Ministério do Meio Ambiente, a Prefeitura de Belém e o Sebrae, conta com financiamento do Global Methane Hub e investimento de R$ 1,2 milhão. O projeto emprega diretamente oito catadores e incorpora tecnologia acelerada de compostagem — um tambor rotativo mecanizado que acelera o ciclo de decomposição dos resíduos.
De acordo com a secretária executiva de Inclusão Produtiva de Belém, Pamela Massoud, a usina é mais do que um gesto simbólico: “Hoje, mais de 50% do que Belém envia ao aterro é composto por resíduos orgânicos. Nossa unidade de compostagem, inicialmente implementada para atender a COP30, será um marco histórico para a cidade, que terá capacidade de processar 15 toneladas por dia com maquinário específico que acelera o ciclo, em parceria com o Instituto Pólis. Esse é um passo concreto no trabalho da SEINP para buscar alternativas que aumentem a taxa de desvio de resíduos do aterro e avancem na gestão sustentável de resíduos sólidos, além da inclusão socioprodutiva de cooperativas de catadores em Belém”, afirma.
Durante os 12 dias da conferência, o equipamento deverá tratar cerca de cinco toneladas diárias de resíduos orgânicos gerados pelo evento. Após a COP30, o espaço será integrado às ações permanentes de gestão de resíduos da cidade, envolvendo agricultores familiares e projetos locais, como Composta Belém, Compostagem na Real e Usinas da Paz. O composto orgânico produzido será reaproveitado na agricultura familiar, fechando o ciclo de reaproveitamento.
Para o coordenador de projetos do Instituto Pólis, Victor H. Argentino, o modelo adotado em Belém tem potencial de inspirar políticas públicas em todo o país. “A compostagem realizada com catadores representa uma oportunidade estratégica para expandir a reciclagem de resíduos orgânicos no Brasil, especialmente considerando que cerca de 90% da reciclagem de resíduos secos já é realizada pelo trabalho dos catadores. Ao integrá-los a esse processo, é possível promover uma transição justa na gestão de resíduos, com benefícios socioambientais significativos”, explica.
Segundo o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), os resíduos orgânicos são a segunda principal fonte de metano no país, respondendo por quase 10% das emissões brasileiras. Em Belém, a situação é ainda mais crítica: os resíduos representam 31,5% das emissões de GEE e quase 100% das emissões de metano.
Para o secretário nacional de Meio Ambiente Urbano, Adalberto Maluf, a iniciativa deixa um legado duradouro. "A inauguração da primeira unidade pública de compostagem de Belém é um marco para a cidade e um ponto de referência para a região amazônica, que precisa urgentemente de soluções descentralizadas e de baixo custo para a gestão de resíduos sólidos”, afirma.
O projeto faz parte do programa Brasil Composta Cultiva, coordenado pelo Instituto Pólis, que incentiva municípios brasileiros a adotarem soluções locais para o tratamento de resíduos orgânicos, reduzindo o envio de materiais aos aterros e fortalecendo economias circulares.
A unidade de compostagem pública de Belém será inaugurada neste domingo, das 9h30 às 13h, na Avenida Bernardo Sayão. Além da cerimônia oficial, os visitantes poderão conhecer de perto o funcionamento do maquinário e o processo de transformação dos resíduos que, antes destinados ao lixo, agora voltam à terra em forma de adubo e oportunidade. A COP30 iniciará nesta segunda-feira (10) e irá até 21 de novembro.
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