
O ex-diretor da Polícia Federal em Minas Gerais Rodrigo de Melo Teixeira foi preso nesta quarta-feira (17/9) durante a Operação Rejeito, deflagrada pela PF em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). A ação investiga um esquema de corrupção e facilitação de crimes ambientais que teria movimentado cifras bilionárias no estado. Ao todo, 15 pessoas foram presas e duas estão foragidas. Servidores estaduais do meio ambiente foram afastados.
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Natural de Barbacena (MG), Rodrigo de Melo Teixeira ingressou na Polícia Federal em 1999. Na corporação, ele chefiou a Delegacia de Repressão ao Tráfico de Entorpecentes no estado de Tocantins. Em Minas Gerais, trabalhou no Núcleo de Combate a Crimes Financeiros e atuou como corregedor, além de ter chefiado a regional mineira. Rodrigo também foi secretário-adjunto de Defesa Social no estado.
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O ex-diretor se destacou em casos de grande repercussão, como as investigações sobre a facada no então candidato Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora (2018), e sobre o rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019. Teixeira também exerceu cargos estratégicos no Executivo mineiro e municipal: foi secretário-adjunto de Defesa Social do Estado (2015-2016), presidente da Feam (2016-2018) e secretário municipal de Segurança e Prevenção de Belo Horizonte (2019-2022).
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Em 2024 foi nomeado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para o Comitê de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras. Ao longo da carreira, recebeu condecorações como as medalhas Presidente Juscelino Kubitschek, da Inconfidência e Santos Dumont, em reconhecimento à atuação na segurança pública de Minas Gerais.
A operação Rejeito mira fraudes e pagamentos de propina em troca de licenças ambientais e facilitação de empreendimentos. Segundo a PF, o esquema envolve servidores públicos e empresários, afetando diretamente a fiscalização e o controle ambiental no estado, marcado pelos desastres de Mariana (2015) e Brumadinho (2019).
Entenda a Operação Rejeito
- Alvo: uma "verdadeira organização criminosa", segundo a PF, especializada em crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro no setor de mineração
- Modo de operação: o grupo obtinha licenças ambientais fraudulentas através do "pagamento de vantagens indevidas a servidores públicos" de órgãos como IPHAN, ANM e SEMAD-MG
- Estrutura: utilizava uma "robusta e complexa rede de empresas" para "legitimar práticas delituosas", ocultar os verdadeiros responsáveis e praticar "lavagem de capitais"
- Valores envolvidos: a Justiça determinou o bloqueio de R$ 1,5 bilhão em ativos do grupo. A PF apurou que a organização "expandiu exponencialmente sua atuação" em projetos com potencial superior a R$ 18 bilhões
- Ação policial: foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva e 79 de busca e apreensão contra empresários e diretores do esquema
- Servidores afastados: agentes da FEAM, IEF e Copam foram afastados de suas funções por suspeita de participação no esquema de corrupção
- Impacto ambiental: as atividades da organização causaram graves consequências, como desabamentos, ampliação de erosões e ameaças a espécies endêmicas e ao patrimônio espeleológico na Serra do Curral