
Embaixador e presidente da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), André Corrêa do Lago descartou, nesta sexta-feira (1º/8), a mudança de sede do evento de Belém e afirmou que o Brasil busca alternativas para garantir a presença do público de fora, inclusive os mais pobres.
André afirmou que não há um "plano B" para substituir a capital paraense, independente da pressão internacional diante da crise hoteleira enfrentada por Belém. Nos últimos meses, reportagens e postagens nas redes sociais destacaram os preços absurdos cobrados por hospedagens para o evento, tendo em vista que a cidade não tem uma grande rede hoteleira.
"Mais de dois terços dos países da ONU são consideravelmente mais pobres que o Brasil. Eles esperam vir para um país em desenvolvimento e encontrar uma maneira de poder estar presentes com os preços que podem pagar", afirmou o presidente da COP30 em entrevista virtual com jornalistas.
Corrêa do Lago também tratou de criticar os valores cobrados por diversos estabelecimentos na cidade para o período da COP30. Em plataformas como o 'Booking.com' e o 'Airbnb', por exemplo, algumas locações ultrapassam R$ 100 mil. O governo federal, junto da ONU, estuda ampliar subsídios para que delegações mais pobres consigam participar da conferência.
O embaixador reconheceu que a crise hoteleira gerou fortes reações vindas de nações em desenvolvimento. "Esses países se manifestaram de maneira muito clara. Disseram que, com a diária de 143 dólares que recebem, precisam de quartos entre 50 e 70 dólares para poder participar. Se você olhar hoje os preços em Belém, há centenas de quartos nessa faixa. Mas nas datas da COP, os valores disparam", relatou.
Segundo ele, três grupos regionais solicitaram a mudança de sede. André fez questão de deixar claro que o problema está nos preços cobrados, e não na capacidade de hospedagem de Belém.
"Os hotéis estão botando preços tão altos que se tornaram referência. Esses valores foram transferidos para os preços dos apartamentos também", disse. "Queremos uma COP inclusiva, com todos os países membros. A ausência dos países mais pobres comprometeria a legitimidade da conferência", acrescentou.
Além de relatar um sentimento de revolta vindo dos países em desenvolvimento, Corrêa do Lago contou que alternativas já foram buscadas para que as 50 mil pessoas esperadas possam se hospedar com tranquilidade.
O governo trabalha para que 18 mil leitos de hotel normalmente disponíveis na cidade sejam expandidos. Além disso, foram garantidos dois navios de cruzeiro. Estes fornecerão 6 mil camas extras para os delegados. Reservas para acomodações mais acessíveis também foram abertas.
"A ausência de países em desenvolvimento comprometeria a integridade da conferência", afirmou o embaixador. "Estamos oferecendo uma série de opções abaixo do que está sendo cobrado nas plataformas abertas, mas sabemos que ainda não é suficiente. O que nos resta é o diálogo", acrescentou.
A conferência está marcada para ocorrer em Belém, capital do Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro.